1- Não está fácil nem para o presidente nem para os governadores de Estado. As variáveis de análise estão contaminadas.

Caso as barbearias e salões de beleza abram suas portas, a economia gira. Contudo, mais pessoas abarrotarão os transportes coletivos.

Caso os governadores insistam no lockout, isto significa que mais policiais terão de ser usados para reprimir os recalcitrantes. E esta categoria profissional será mais contaminada, como aconteceu no Peru. Lá, 1.300 policiais já perderam a vida e milhares estão infectados.

Não há outro caminho a não ser o Presidente da República e os governadores sentarem para encontrar um denominador comum. Tanto para o estancamento do número de mortes, como para traçar uma estratégia de saída da pandemia e um plano de recuperação econômica do país.

As autoridades estarão à altura do desafio premente?

2- Bolsonaro teve um comportamento no mínimo infantil, ao se negar a revelar o resultado de seus três exames sobre o covid-19.

Em meio a uma pandemia, gastou-se tempo e dinheiro, noves fora o desgaste entre as instituições.

Custava nada Bolsonaro ter mostrado o resultado de seu exame, tal como fizeram o General Heleno e o seu ídolo, o presidente Trump?

Queria, com isso, fazer uma birra com a imprensa e/ou determinados políticos, para mostrar não ser mentiroso? Coisa de menino grande.

Teoricamente, as decisões dos ministros do STF devem ser sigilosas. Teoricamente, repita-se. Na prática, a AGU soube que o ministro Lewandowski votaria pela publicização; e, caso houvesse o recurso, Bolsonaro, também, seria derrotado.

Para não parecer que perdeu a parada para o STF, resolveu publicar seu exame. Ponto negativo para Bolsonaro.

3- Acabo de receber um filme dantesco. Nele, fiscais da prefeitura usam e abusam de truculência contra um camelô. Jogam no chão sua tábua de verduras, e pegam o caixote de reserva e arremessam para um carro que sai recolhendo as arbitrariedades cometidas com outros.

Impressiona que o povo assista bestializado esta barbárie cometidas por agentes estatais. Ninguém se juntou para enfrentar os facínoras. O rapaz estava desrespeitando o decreto governamental? Estava, mas não existe modo mais humano de resolver a situação? Ele estava ali porque queria ou porque precisava?

Parece que estamos perdendo a capacidade de raciocínio e empatia.

Lembro que o liberal John Locke dizia, no Segundo Tratado sobre o Governo haver uma diferença entre o estado de natureza do homem e do estado de guerra. No primeiro, o cidadão está na condição em que todos – iguais e independentes – não devem “prejudicar a outrem na vida, na saúde, na liberdade ou nas posses” (LOCKE, 1681, p. 24).

No segundo, quando alguém tenta impor a outro o poder absoluto, transgredindo o estado de natureza, se coloca em conflito contra ele, “devendo isso ser entendido como declaração de intenções contra a vida do próximo. Portanto, é legítimo matá-lo se pudermos, pois ele se arrisca a tanto” ao estabelecer uma circunstância de agressor pela sua própria iniciativa (LOCKE, 1681, p. 32).

Locke não era um revolucionário, mas valorizava a liberdade.

Nossos tiranetes de araque estão nos empurrando para uma guerra civil. Lembro que a maioria das armas não estatais estão nas mãos de delinquentes. (Jorge Zaverucha, 14/5/20)

Em decreto publicado hoje no Diário Oficial da União (DOU) e assinado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sete embaixadas brasileiras foram fechadas na África e no Caribe. No continente africano, as representações brasileiras nas cidades de Freetown (Serra Leoa) e Monróvia (Libéria) foram fechadas e tiveram seus serviços deslocados para a embaixada do Brasil em Acra (Gana).

Independentemente de estivarmos em pandemia, com contenção de despesas, não há necessidade destas embaixadas. Foram criadas por motivos ideológicos, com vistas a alavancar a liderança política em países do Terceiro Mundo. Etc…

4- Parte da situação em que se encontra Manaus foi explicada pelo Artur Virgílio Neto.
Ele disse que o seu ídolo é o Bruno Covas. O que está empurrando os paulistanos a lotarem os ônibus e metrôs da cidade. Aumentando o risco de contágio dos mesmos.

Quem seria o inimigo de Artur Virgílio Neto.

 

 

 

 

Jorge Zaverucha – Mestre em Ciência Politica pela Universidade Hebraica de Jerusalém, Doutor em Ciência Política pela Universidade de Chicago; Professor titular aposentado do Departamento de Ciência Política da UFPE; Consultor da Empower, Consultoria em Análise Estratégica e Risco Político

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