1- A cloroquina venceu. Uma cartela deste remédio era vendida por R$10 no ramal Deodoro do Rio. A medicina clínica deu um banho na medicina científica
2- Todas as vidas importam?
O movimento Black Lives Matter (BLM) está na moda. Afinal, estamos em plena campanha presidencial nos EUA. Por suposto, ninguém pode aceitar as cenas de policiais violentos matando ou ferindo negros quando podiam imobilizá-los. Mas, isto não pode servir de álibi para o projeto de poder deste grupo. Que não possui uma clara liderança nem se sabe como é financiado.
Presenciamos um arremedo do que foram as manifestações do final dos anos 50 e início dos anos 60, lideradas pelo pastor Martin Luther King. Citando o Antigo Testamento, lembrava dizeres do profeta Amós: “Sonho que um dia toda a terra será exaltada, e todo monte e montanha se abaixarão , os lugares áridos serão claros, e os lugares tortuosos serão endireitados, ‘e a glória do Senhor será revelada e toda a carne a verá’”. Luther King, na época marchava com os judeus, em busca de seus direitos civis. Hoje o BLM possui uma plataforma antissemita. Em alguns protestos, sinagogas foram vandalizadas, lojas de judeus saqueadas e foram pichados slogans como “Palestina Livre”. Além de apoiarem o movimento BDS (Boicote – Desinvestimento – Sanções), contra o Estado de Israel.
Luther King era um adepto da não violência. Já o BLM estimula a mesma. Max Horkheimer, um dos líderes da Escola de Frankfurt, dizia que “a miséria de nosso tempo está ligada à estrutura da sociedade” A autoestima não poderá ser alcançada enquanto houver barreiras estruturais. Portanto, a ordem atual precisa ser mudada, radicalmente. Daí os protestos violentos que levaram a queima de propriedades e saques de tênis da Nike, bolsas Louis Vitton e smartphones (sic). Até a esquerda que se orgulhava de fazer manifestações não violentas, capitulou. O BLM conta com o apoio de boa parte da intelligentsia acadêmica e midiática que encampa a ideia de retirar o financiamento da polícia. Em vez de aprimorá-la.
O BLM instalou um revisionismo seletivo. A Mercedes Benz financiou o nazismo. Inclusive o que era a Fórmula 1 da época. No entanto, os revisionistas ainda não propuseram quebrar os carros da Mercedes. Afinal, o piloto tricampeão, Lewis Hamilton, é negro. Até agora, paira o silêncio dos “progressistas” mesmo com o notável ronco dos motores destes bólidos esportivos.
A qualidade da democracia norte-americana está em declínio. Não é de hoje. O sonho americano da mobilidade social, praticamente, esvaiu-se. Mas, não é preciso exagerar no uso do conceito de racismo estrutural. Após a morte de George Floyd, em Minneapolis, tentou-se explicar o abuso policial usando este vago conceito. Fiz uma pesquisa e encontrei que o chefe da polícia local era negro; a representante na Câmara de Deputados era negra; o vice-presidente do Conselho Municipal era negro. Dos doze membros deste Conselho, dez são do Partido Democrata e um do Partido Verde. Os negros votam 10 a 1 nos Democratas em comparação ao Republicanos. Onde está o racismo estrutural?
Como alertou o ex-chanceler da Alemanha, Konrad Adenauer, “a história é a soma de tudo aquilo que podia ter sido evitado”.
Jorge Zaverucha – Doutor em ciência política pela Universidade de Chicago (EUA), é professor titular do departamento de ciência política da Universidade Federal de Pernambuco. Autor do livro “FHC, Forças Armadas e Polícia – Entre o Autoritarismo e a Democracia” (2005, ed. Record)
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