PERRENGUES PANDEMICOS –
Segunda-feira, primeiro de março, o dia amanhece chuvoso em Natal, penso em escrever um artigo falando desse ano passado vivido quase todo em Búzios , da minha felicidade por ter sido assim , aproveitando aquele paraíso onde me encontrava exilado disfarçado de álcool em gel fugindo dessa pandemia e sendo feliz, apesar dos perrengues pandêmicos.
Queria comentar também do meu estranhamento- ainda estou assim- em voltar para minha casa, meu lar em Natal; estou me sentindo um estranho no ninho , é como se minha moradia fosse algo diferente ao meu dia a dia, com uma vontade imensa de voltar para Búzios e lá ficar eternamente deitado em minha rede, de frente para o mar, vendo nuvens, navios, e o tempo passar no horizonte .
Dizer das minhas caminhadas à beira mar, ora areia ora mar, da conversa com pescadores exercendo seu ofício de jogar redes e esperanças no mar , de suas alegrias com a rede cheia de gordas tainhas…
Falar da praça dos eucaliptos, da turma da terceira idade que lá se encontrava no final da tarde comemorando a vida, do vazio da ausência deles e dispersão pelo medo dessa pandemia, e da falta que esse convívio sadio e benfazejo faz na alma da gente.
Mas não é isto que acontece, a vontade maior é desconstruir esse presidente doidivanas e insano, seja em prosa, verso e reverso. Dizer de amigos queridos que se foram antes do combinado por conta dessa maldita pandemia, que eles não são maricas , que carecemos de vacina urgente e não de armas…
O dia continua nublado, prenúncia de chuvas tão esperadas de um inverno nosso, tomara que venha e seja bom, pois, as previsões não são boas…
Toca a cigarra, chegou a secretaria do lar que vai logo me dizendo:
– Tou gripada seu Alberto.
– É covid-19?
– Não, é só uma gripizinha…
José Alberto Maciel Oliveira – Representante comercial aposentado