PESOS E MAIS PESOS –
Meu peso continua alto (mas estável!), mantido com boas doses de bolos, brigadeiros, pizzas, risotos, biscoitinhos, sanduíches… Várias comidas que enchem meus olhos e me fazem salivar, deixando a decisão da dieta para a próxima segunda-feira toda segunda-feira. Sigamos!
Entretanto, como forma de me redimir, continuo firme na academia. Aulas de pilates, spinning, musculação. Percebo que são excelentes para permitir que eu dê minhas escapadas gastronômicas com menos peso na consciência. Peso na consciência? Sim, são pesos atrás de pesos nesta conversa.
Assim, chego aos pesos que devem ser levantados. Levantar peso para diminuir peso! Que ironia…
Vamos quase sempre juntos para a academia, eu e Flávio. Chegando lá, cada um segue seu rumo. Em alguma máquina nos cruzamos e percebo suas sobrancelhas unidas, sinalizando que algo o está incomodando. Pergunto o que é. Esposa de um herniado, penso logo numa dor na lombar ou algo assim. Sou dramática! Ele me diz:
– Odeio isto de pegar a máquina após uma menina franzina estar levantando 95 quilos e eu preciso reduzir para 70!
– Seja bem-vindo ao meu mundo, guardando as devidas proporções. Eu reduzo de 70 para 40! Quer continuar falando sobre isso?
Vejo sua testa se aliviar e percebo o sorriso por trás da máscara. Realmente, a musculação para mim é um tormento. Os pesos, as repetições, contar mil vezes até 15. E quando penso que terminei a série, aparece um outro aparelho que eu esqueci e volto a contar até 15!
Parece que nunca estamos satisfeitos com o peso. O meu e o da máquina que preciso lidar durante a musculação. Quando penso que estou “domando a fera”, vem o instrutor e aumenta mais cinco quilos ou dez. E penso que poderia ser assim no nosso organismo. A mesma facilidade.
– Hoje quero estar com cinco quilos a menos – eu diria.
Tiraria uma pochete de gordura abdominal, guardaria na gaveta e vestiria aquele vestido cujos botões insistem em me dizer que pularão a qualquer momento.
Ou:
– Hoje quero usar aquele vestido que o caimento não está legal.
Pegaria dois quilos a mais e colocaria nas coxas ou no bumbum. Olharia meu reflexo e diria:
– Perfeito!
Ah! Isso seria perfeito! Realmente. Mas, o mundo não é assim! E os pesos, sejam na forma de gordurinha, massa muscular ou halteres, estão ali como consequências de nossas escolhas.
Assumamos!
Bárbara Seabra – Cirurgiã-dentista, Professora universitária e Escritora