Em sua deleção premiada, Antonio Palocci afirmou que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega vendia informações privilegiadas para bancos. Elas diziam respeito a mudanças de políticas cambiais e alterações nas taxas de juros e em função disso, ele teria levado vantagem ao negociar desonerações tributárias com empresas do setor automobilístico. Essa noticia alarmou o PT para o risco de Mantega ser preso. Ele também é citado nas delações da Odebrecht, da JBS e complicou-se ao “lembrar-se” de que tinha uma conta não declarada na Suíça com saldo de US$ 600 mil.

Ao tentar se livrar de uma pena mais dura, Palocci confessou os próprios crimes e não poupou o sucessor na condução da política econômica, com quem nunca teve uma boa relação. A sensação no partido é de que o cerco contra Mantega está se fechando. O ex-ministro teve, em setembro do ano passado, a prisão preventiva decretada pelo juiz Sérgio Moro, que voltou atrás, pois Mantega estava no hospital acompanhando a cirurgia da mulher, vítima de câncer. A situação agora volta a se complicar.

Além disso, admitem petistas, a decisão do presidente Michel Temer de autorizar o Banco Central a fechar acordos de leniência com instituições bancárias, a exemplo dos que estão sendo firmados com empresas investigadas na Lava-Jato, expôs ainda mais o PT. “Como os gigantes do setor financeiro poderão negociar penas mais brandas pelos crimes cometidos, resta a Palocci virar sua artilharia para o PT, Lula e Dilma”, reconheceu um cacique do partido.

Até o momento, não surgiram os nomes dos bancos que compraram as informações privilegiadas que teriam sido vendidas por Mantega. Integrantes do mercado financeiro temem que sejam instituições grandes o suficiente para provocar abalos em um sistema, que ainda tem pouco crédito disponível para permitir a retomada do crescimento econômico. A antecipação do governo para autorizar o BC a fechar as leniências só aumenta a insegurança no setor.

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