O petróleo perdeu mais da metade de seu valor nos últimos doze meses e, com esse forte movimento de queda, levou consigo também a rentabilidade das companhias do setor. Segundo cálculos da consultoria de energia Rystad, da Noruega, sobre o custo de produção de cada região ao redor do mundo, os preços atuais fazem com que quase 20 milhões de barris por dia da capacidade global registrem prejuízo na extração.
O volume representa cerca de 22% da demanda global pela commodity, que é calculada em pouco mais de 90 milhões de barris diários. Se forem consideradas despesas financeiras e gastos com royalties, o petróleo abaixo de US$ 30 deixa operações no vermelho especialmente no xisto dos Estados Unidos, em campos no Brasil, na Rússia e nas areias betuminosas do Canadá.
No curto prazo, as produtoras mantêm suas atividades mesmo que estejam perdendo dinheiro. Isso porque o impacto sobre o balanço seria muito maior caso as operações fossem paradas e retomadas novamente no futuro, caso a pressão sobre os preços seja aliviada. Os cortes de capacidade começam primeiro nas operações mais maduras, que se encontram no período de esgotamento das reservas, porém poucas empresas devem, de fato, desligar as operações e abandonar campos.
Na ultima sexta-feira, os contratos futuros do Brent com vencimento em março fecharam cotados em US$ 29,17 o barril na ICE Futures de Londres. Na Nymex, de Nova York, o WTI ficou em US$ 29,42 – ambos significam recuou acima de 50% em 12 meses. Níveis abaixo de US$ 30 foram observados pela última vez em 2004, o que mostra o tamanho da crise pela qual passa o mercado petrolífero.
Sozinha, a Arábia Saudita, que tem os menores custos de produção do mundo, não é suficiente para suprir a procura pelo petróleo. Mas em conjunto com as empresas americanas e os países com ponto de equilíbrio parecido, a oferta bastaria. Mas hás um fator aleatório que pode estragar todas as projeções. A China, além de ser a segunda maior compradora de petróleo internacional, também possui um número de reservas que é difícil de calcular. Se o preço começar a subir, ela pode parar de comprar e usar essas reservas, alerta um especialista. Que conclui dizendo que não há nada de normal com esse cenário do petróleo hoje. É uma crise nunca vista antes.
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