A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta sexta (12), a Operação Bullish, que investiga fraudes e irregularidades em aportes concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), através da subsidiária BNDESPar, ao frigorífico JBS. Os aportes, realizados a partir de junho de 2007, tinham como objetivo a aquisição de empresas também do ramo de frigoríficos no valor total de R$ 8,1 bilhões.
Nesse caso a suspeita é que o BNDES tenha favorecido a JBS. Há buscas na casa Joesley Batista, presidente do conselho de administração da JBS, e na casa do Luciano Coutinho, ex-presidente BNDES. O banco beneficiava o grupo em juros e agilidade nos empréstimos. Fez isso, por exemplo, para a compra do frigorífico Bertin. Joesley também é alvo de um mandado de condução coercitiva, mas o empresário estava fora do país antes da operação e não há informação se a medida foi cumprida. A Justiça negou um pedido de prisão de Batista. O ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho também é alvo de condução coercitiva, mas ele também estaria em viagem ao exterior.
Segundo a Polícia Federal, as operações de gastos de recursos públicos tiveram tramitação recorde após a contratação de uma empresa de consultoria ligada a um parlamentar. Além disso, as transações foram executadas sem a exigência de garantias e com a dispensa indevida de prêmio contratualmente previsto, gerando um prejuízo de aproximadamente R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos.
Em 2007, a empresa tentou comprar um frigorifico no exterior em uma ação de R$ 8 bilhões. A compra foi considerada uma compra de concentração de mercado, mas o grupo já tinha conseguido o empréstimo para a aquisição. O dinheiro não foi devolvido prontamente.
Segundo as investigações, há suspeita de irregularidades na compra do frigorífico Bertin, também realizada com empréstimos do BNDES. Há a suspeita de favorecimento, pois os empréstimos não eram feitos com as devidas garantias e com juros menores.
Os controladores do grupo estão proibidos, ainda em razão da decisão judicial, de promover qualquer alteração societária na empresa investigada e de se ausentar do país sem autorização judicial prévia. A Polícia Federal monitora cinco dos investigados que estão em viagem ao exterior.
O nome é uma alusão à tendência de valorização gerada entre os operadores do mercado financeiro em relação aos papéis da empresa, para a qual os aportes da subsidiária BNDESPar foram imprescindíveis.
Vários carros deixaram a sede da Polícia Federal no começo da manhã desta sexta. Os agentes estariam cumprindo mandados em Botafogo, na Zona Sul do Rio, e na Barra da Tijuca, Zona Oeste.
Fonte: G1