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               O sociólogo estadunidense Immanuel Wallerstein (conhecido pela sua contribuição para a teoria do sistema-mundo) acredita que o capitalismo chegou ao fim da linha: já não pode mais sobreviver como sistema.

Cá no meu canto, meio instintivamente, não assino embaixo, mas acho que Wallerstein tem razão, há muitos indícios de que isso pode ser verdade.

Todavia, em que pese o fato de que o capitalismo não tem sido capaz de resolver nenhuma grande questão social, nas atuais circunstâncias e no atual cenário mundial, não consigo enxergar qual modo de produção seria o substituto do atual sistema.

Ou seja, o que surgirá em seu lugar poderá ser melhor (mais justo e democrático) ou pior (mais autoritário e explorador) do que temos hoje em dia. Estamos na encruzilhada do labirinto.

É prudente destacar que o capitalismo é passível de se transmudar em novos e inusitados padrões de acumulação, a depender da formação social analisada. É importante ressaltar também que, desde o final do século XX, o sistema financeiro solapou completamente o processo de produção e a tecnologia transformou o capitalismo quanto à sua forma exterior. Vivemos hoje na sociedade da informação.

Aqui no patropi, por exemplo, enquanto a economia estava crescendo, a desigualdade social, a concentração crescente, e a política econômica equivocada do PT governo pôs quase tudo a perder.

Temos, a cada ano, mais milionários e mais miseráveis. A miséria foi globalizada.

Em meio a essa complexidade, uma coisa a vida me ensinou: ao contrário do que pensava o velho Karl Marx, o sistema não sucumbirá num ato heroico de alguma liderança operária, numa insurreição armada; mas implodirá sobre suas próprias contradições. Essa agonia ainda vai demorar aí uns 30 ou 40 anos.

O sistema – globalizado – reproduz uma concentração cada vez maior de riquezas paralelamente ao crescimento da miséria, do desemprego estrutural, da criminalidade, do consumo de drogas e da violência.

Os EUA e a União Europeia estão em séria e duradoura crise econômico-financeira. A Espanha tem mais de vinte por cento de sua força de trabalho desempregada.

Tem muito branco de olho azul desempregado.

A Grécia, Portugal e Itália estão adotando regimes forçados de contenção de despesas, cortando salários e penalizando os aposentados; para não falar na crescente intolerância aos migrantes e às minorias.

Para Wallerstein, vivemos o momento preciso em que as ações coletivas, e mesmo as individuais, podem causar impactos decisivos sobre o destino comum da humanidade.

Concordo plenamente com Wallerstein, quando ele afirma: “Não é uma crise de um ano, ou de curta duração: é o grande desabamento de um sistema. Estamos num momento de transição. Na verdade, na luta política que acontece hoje no mundo não está mais em questão se o capitalismo sobreviverá ou não, mas já se discute o que irá sucedê-lo”.

A verdade é que estamos vivenciando uma espécie de ‘Era da Incerteza” sem volta, um período no qual quase tudo é relativamente imprevisível no curto prazo – e é insuportável viver sem previsão.

Os empresários não sabem direito o que fazer, e é basicamente isso – com raras exceções – o que estamos vendo no mundo da economia nos dias atuais: mau humor e pessimismo.

Ninguém está encorajado para investir, já que ninguém sabe se daqui a um ano ou dois vai ter esse dinheiro de volta. Quem não tem certeza de que em três anos vai receber seu dinheiro, não investe; e não investir torna a situação cada vez pior para todos.

Peço um pouco mais de atenção, a partir de agora, no encerramento deste texto.

Quando o sistema está relativamente estável, é relativamente determinista, com pouco espaço para o livre-arbítrio. Mas, quando está instável, passando por uma crise estrutural, tal como agora, o livre-arbítrio torna-se mais importante.

No atual momento histórico, as ações de cada um de nós realmente importam, de uma maneira tal como nunca se viu nos últimos 50 anos. Nossa atitude política pode realmente fazer a diferença, para definir que tipo de futuro estamos construindo, no aqui e agora.

O mundo precisa de educação, competência, planejamento, objetividade e perseverança.

Mais do que nunca, a atitude individual, no presente, pode escolher entre a civilização ou a barbárie.

É fundamental o papel do indivíduo na história. É grande o poder do (e)leitor.

Rinaldo Barros professor – ([email protected])

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