A POLÍTICA SOB A ÓTICA DE UM POLÍTICO – José Narcelio Marques Sousa

A POLÍTICA SOB A ÓTICA DE UM POLÍTICO – 

 De olho nas eleições deste ano, nada melhor para nos clarear a mente, do que as máximas de José Cavalcanti da Silva, político paraibano e escritor, cassado na Revolução de 1964.

Zé Cavalcanti ou seu Zé, como é conhecido em todos os municípios da Paraíba, foi um contador de estórias picantes, espirituosas e satíricas. Porém, o melhor de seu talento vem à tona, no instante em que ele direciona a crítica para a política e políticos.

Ninguém melhor que ele mesmo, um político atuante como deputado estadual e prefeito de Patos-PB, para falar sobre os seus pares e a postura deles como representantes do povo. Fez isso com maestria misturando verdade com galhofa.

Eis algumas de suas máximas:

Na política, mentiroso tem patente registrada.

Não há quem absolva ou condene com mais justiça um político que a sua própria consciência. Só que muitos não a consulta com medo

– A política sem a promessa, jamais despertaria o interesse do eleitor, mesmo ele sabedor, que do dizer para o fazer é que está a distância.

– É de estarrecer, mas há momentos na política que é vantajoso não poder ver, não poder ouvir e não poder falar.

– A política geralmente é cínica: a ambição pelo poder, jamais deixará de terminar em cinismo.

– Aquele que estiver no poder pense sempre: o futuro político é o mais tenebroso de todos os abismos.

– É de se reconhecer que os políticos honestos empobrecem nos mesmos cargos em que os velhacos ganham e enriquecem.

– Cada qual com o seu cada qual: a religião ensina a crer, a filosofia a duvidar e a política a enganar.

– No todo, a vida de um político se reparte ente a vaidade e a ambição: a primeira ocupa a metade, e a segunda a outra metade.

– É próprio da sabedoria política: quem não sabe fingir não se mete na vida pública.

– Na política, quem mais comete loucura é o povo: quase sempre dá mandato a quem não sabe usá-lo.

– As lágrimas de um político são mais suspeitas do que as de um rato no enterro de um gato.

– A compra do voto quase sempre dá certo, pois o dinheiro é como o azeite: por onde passa amolece.

– A política é como o relâmpago: de longe é bonita, mas de perto faz medo.

– Raro é o político que não faz como o pescador de linha: só coloca no anzol a isca que o peixe gosta.

– Na política, mais do que em qualquer outra profissão, mentiroso tem patente registrada.

Será que alguma coisa mudou para melhor, levando em conta o que seu Zé expôs nestas avaliações bem humoradas? Ou só piorou? Com a palavra o eleitor.

José Narcelio Marques Sousa – Engenheiro civil e escritor – jnsousa29@gmail.com

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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