POPULISMO, NEGACIONISMO E SUPREMACISMO: OS OUTSIDERS DO ANTI-SISTEMA PÕEM EM RISCO AS DEMOCRACIAS –

Parte II – As Conclusões da Invasão Bárbara ao Capitólio

Já expus os pontos que julguei como fundamentos do “teste de resistência democrática”, que resultou na invasão bárbara ao marco da democracia americana – o Capitólio.

Antes de ir a outro ponto, tomo como exemplo duas considerações que advêm dos livros citados. Explicada a ideologia do “trumpismo”, parto da questão principal: o inconformismo em se aceitar a condição de “loser”. No bom inglês, para realçar ainda mais a psicopatia de quem jamais assimila derrotas.

De cara, dentro do mérito analítico do professor Przewroski, considero aqui sua frase maior: “que a democracia é um regime em que governantes deixam o poder quando perdem eleições”. Disse tudo.

Em complemento, destaco outra ilação que extraio do texto de Levitsky & Ziblatt, diante dos riscos de ruptura democrática: “o governo Trump trata seus rivais como inimigos, intimida a imprensa livre, ameaça os tribunais e rejeita os resultados das eleições”. Ou seja, atitudes que fragilizam as instituições democráticas.

Diante disso, fez todo sentido as reações pela perda de poder, que culminaram num dia duplamente histórico: pela derrota acachapante na Geórgia e a irresponsável incitação pela invasão do Capitólio, no ato da validação do triunfo de Biden.

Há um outro fato tão ou mais importante a ser relevado, que dá sentido à irresponsabilidade da invasão. Refiro-me à reação derivada do vetor supremacista do “trumpismo”, calibrada pelo significado da vitória na Geórgia. A conquista dos Democratas neste Estado traz o simbolismo que não se resume apenas ao significado partidário, da perda de espaços dos Republicanos, na Geórgia e no senado. O peso está na sutil resposta ao agravamento do preconceito e da discriminação racial que sempre estiveram por trás do “trumpismo”. Resulta da luta de uma parte da sociedade que endossou o movimento antirracista. O redespertar de um estrato que não tolera o supremacismo e que foi recentemente às ruas para bradar “que vidas negras importam”.

Sobre essa intolerância, que poderá gerar novas reações, comentarei a seguir.

 

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador, ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco

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