ONDE ESTIVER O CONHECIMENTO CIENTÍFICO, É COMPENSADOR IR À LUTA –
Em dez meses de expectativas por uma luz no fim do túnel, o último 17 de janeiro ficará marcado como o nosso “dia v” da pandemia.
Longe dos estrupícios da estratégia e da logística ministerial, não foi o “dia d” de descaso, pautado pelo trato institucional dado ao problema. Nem mesmo a “hora h” de horror, aterrorizada pela asfixia da saúde pública manauara. Cabem aqui o “v” da vida e da vacina. Mas, o melhor mesmo é usá-lo como o “v” de vitória.
Sim, vitória coletiva do trio mosqueteiro que citei em texto anterior. Para efeito de ilustração, são dois coadjuvantes e um protagonista, que juntos reforçaram a importância do conhecimento.
Inicio pela imprensa. Aquela que estudou jornalismo, que sai às ruas em busca do fato real. Que não se esconde por trás de algoritmos virais, capazes de transformar a desinformação em verdade. Aqui, meu reconhecimento aos reais profissionais do jornalismo, que beberam na fonte do conhecimento, ao alcance dos que crêem na pesquisa e na ciência. Por exercerem esse ofício, são alvos constantes dos que “constroem” a chamada “verdade de conveniência”, onde segir o óbvio é conspiração midiática.
Outra força coadjuvante está nos distintos profissionais de saúde. Na dureza de um cotidiano estressante por natureza, enfrentam a pandemia biológica de milhares de indivíduos enfermos e a pandemia mental de parte de uma sociedade negacionista. Um duplo desafio diário, onde a ética faz deles agentes comprometidos com a vida e à mercê da ciência. Mas, enfrentam a ética da “janela da conveniência machadiana”, na qual o comportamento é sempre oposto. A gravidade da doença é conspiração e está no imaginário. Profilaxia e descaso: remédios sim, vacinas não.
No entanto, o protagonismo está nos que exerceram stricto sensu a ciência. Apesar do descrédito revelado pela infâmia de negar, a jornada diária e obstinada desses profissionais apontou para alguma solução. E num tempo recorde, conforme a gravidade da doença.
A virtude da humidade que se rende a vitória parece não ser essência da natureza humana, muitas vezes egocêntrica. Mas, cabem aos humildes saberem realçar os vencedores.
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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador, ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco