A ENCRUZILHADA E A DIPLOMACIA NEGACIONISTA –

Sob todos aspectos, é lamentável se assistir a uma postura político-diplomática que nega os princípios da multilateralidade entre as nações. Até pelo exemplo do Barão de Rio Branco, cuja escola formou um corpo diplomático de excelência e reconhecimento pela habilidade técnica e política, é inacreditável esse exercício negacionista conflituoso.

Tal carga ideológica tem proporcionado “terremotos” frequentes, com abalos em áreas sensíveis, como a preservação do meio ambiente. Por aqui se exercita uma política ambiental desatrelada do desenvolvimento sustentável, algo pernicioso à economia. Não ajuda nem mesmo o agronegócio, bem como, a mobilização de capitais internacionais, esta bem sintonizada com a pauta ambientalista.

Pensei que o episódio de uma pandemia de configuração mundial servisse como um argumento defensável para a revisão de posturas de alienação atávica. O esforço racional da diplomacia é o de garantir mais musculatura à cooperação. Afinal, a gravidade da crise sanitária se mostrou capaz de exercitá-la em temas como as ciências, pesquisas e estratégias para o combater o problema. Pena que não houve empatia e nem plano governamental, que dessem substância à construção de uma política para a emergência na saúde pública. Atitude distinta daquilo que fizeram os demais países.

Por um lado, a contradição de um discurso supostamente econômico, que nega a pandemia, mas sinaliza para que os agentes continuem a atuar como se ela não existisse. Por outro, quando se tem às mãos a possibilidade da volta à normalidade pela imunização, a desconfiança e o desprezo pelas vacinas viraram um mantra.

Nesse embate estéril o quadro político-diplomático foi afetado. Sem plano e sem organização, o Brasil apela às vacinas, só que no ritmo dos quelônios e ainda esquece que o pacote não fecha a conta. E pior: não houve prudência na adesão a outros imunizantes. Por fim, uma dependência por insumos 100% ofertados pelos parceiros do BRICS. Uma situação inaceitável.

Assim, não há mais como dourar a pílula da inabilidade política. Chegou-se à encruzilhada: mudança providente ou caos imprevidente? A escolha paira no ar.

 

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador, ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco

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