CASTAS CIDADÃS SUPERIORES: POR QUE ALGUNS AGEM COM SOBERBA? –

As diferenças pessoais e as contradições gerais, na essência de um exercício respeitoso dos valores democráticos, seriam fatores naturalmente assimilados. Infelizmente, os pontos fora dessa “curva da normalidade” tem-se avolumado de modo inflamado, o que deixa os cidadãos de bem perplexos, independente da suas castas sociais.

Embora tenhamos um País plural, na sua formação étnico-social, que convive pacificamente com as desigualdades pessoais e de renda, algumas razões precisam ser levantadas para o entendimento de certas atitudes, difundidas pelos meios de comunicação. Casos que encontram respaldo nos aspectos antropológicos tão bem retratados por Roberto da Matta. Quatro décadas depois de publicado, o seu “Carnavais, Malandros e Heróis” está em voga, até porque a sociedade e a cidadania são resilientes às mudanças. Seres aristocratas ainda ditam um padrão de comportamento, no qual a expressão da superioridade está implícita (na maioria das vezes) ou explicitada por atos pontuais de uma soberba agressiva.

Quatro fatos do tipo “sabe quem eu sou” ditaram bem os casos de explícitos da arrogância do poder social. Dois gestos pela negativa de que uma pandemia impõe regras coletivas (desembargador e engenheiro). Dois outros pela afirmação de um racismo supremacista, ainda temperado pela desigualdade de renda (os dois motoboys).

Para entender esses episódios, um aspecto logo a considerar é a formação educacional, em casa e na escola. Por ser algo estrutural, o dever de tratar esse assunto por esse viés jamais poderia ser relaxado. A criança e o jovem precisam aprender desde cedo que a real cidadania exige tolerância e respeito pelos semelhantes.

Um outro aspecto que me parece mais significativo, é de novo o comportamento moderno ditado pelo (sub)mundo das redes sociais. O uso inadequado, no sentido de certos indivíduos se renderem a dogmas que negam o contraditório, certamente representa uma boa dose explicativa de tanta soberba.

Por essas e outras, o mundo tem-se tornado um caldo de chatices.

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

 

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