MULHERES PODEROSAS: A FORÇA NATURAL DA GINOCRACIA –

Faz alguns dias que tinha reservado esse tema como pauta importante e imediata, mas terminei atropelado por fatos novos que me levaram a ocupar este espaço, de modo alternativo. Essa mudança de plano, evidentemente, não exauriu meu entusiasmo.

Para meu deleite intelectual, exemplos renovados de exercícios ginocráticos são muito bem-vindos e, ainda bem, que se espalham pelo mundo. Assim, sempre é importante trazê-los à tona, haja vista as incríveis resistências que ainda se impõem às mulheres, por razões as mais estúpidas. Um velho dislate, que resiste em reservar para elas papéis secundários, em pleno século XXI.

Apesar da pouca difusão, inversamente contrária à importância dos fatos, fevereiro trouxe marcos dignos de registro. E por trás dessas demonstrações de força, há de se reconhecer também um peso institucional. Refiro-me, simplesmente, à Organização Mundial do Comércio (OMC) e ao Comitê Olímpico Internacional (COI), duas referências de relevantes papéis executivos, nas suas áreas de atuação.

Seiko Hashimoto, medalhista olímpica e defensora da igualdade de gênero foi nomeada, no dia 18, presidente do comitê organizador dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Justamente, depois da renúncia de seu antecessor, motivada por declarações sexistas. Vale aditar que ela é uma das poucas mulheres a ocupar um cargo de destaque na política japonesa. Isto é incrível.

Por outro lado, Ngozi Okonjo-Iweala foi eleita diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). Depois de 25 anos de um trabalho técnico reconhecidamente competente no Banco Mundial, a economista nigeriana terá o enorme desafio de uma reorganização institucional (sem rumo desde a saída do brasileiro Roberto Azevedo), no meio de uma crise mundial gerada pela pandemia. Vale dizer que sua investidura no cargo é um marco, não só pelo gênero. É também o triunfo de uma raça e de um continente, ambos ainda vistos pelas lentes do preconceito e da discriminação.

Enfim, luzes de esperança nesse mundo de tanto desatino.

 

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador, ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco

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