ENSAIOS SOBRE A DOIDICE: UM GESTO DE LUCIDEZ QUE PROMOVEU A “LEI DE LISCA” –

Há um ditado popular que defende o enfrentamento de qualquer doidice, pela reação de outra doidice de igual proporção.

Isso pode até não ser uma regra. Mas, a repercussão do ato ajuda numa ação reativa, na maioria das vezes absolutamente necessária. A doidice como resposta a uma outra teve evidência pública por esses dias. Daí surgiu, com a licença necessária dessa minha chancela, a nova ‘Lei de Lisca”. Aqui, como uma reação firme e corajosa, diante de atitudes lunáticas que pairam sobre a sociedade brasileira.

De imediato, é bom esclarecer quem é Lisca e o porquê desse tratamento de “doido”, que ele próprio se encarregou de “vendê-lo”. Trata-se de um treinador de futebol, atualmente à frente do América MG, que pelo seu comportamento aguerrido e “sem papas na língua” conquistou o rótulo de “doido”.

Dito isso, destaco que a nova “doidice” de Lisca foi marcado por uma atitude incômoda, firme e ruidosa como sempre faz contra seus rivais. Só que, dessa vez, sua declaração nunca foi tão lúcida. E nela houve mais sentidos, que o próprio desabafo.

Assim, bem mais que expor um calendário asfixiante de jogos, onde o papel da maioria dos clubes é o de ser simples figurante, sua mensagem foi carregada de um senso humanitário que hoje anda escasso na sociedade.

Falta de planejamento governamental à parte, claro que não se trata de um pedido de paralisação dos campeonatos. Sua mensagem roga por algo que muitos pares (do futebol e das demais atividades) não enxergam. Refiro-me ao entendimento num momemto ímpar da pandemia, no qual o sistema de saúde não consegue dar conta da demanda. Fruto desse tempo e da irresponsabilidade civil dos que prezam pelas aglomerações, muitas contaminações e perdas, o que despertou em Lisca um senso adicional de dor e saudade.

Rendo-lhe parabéns. Que a sociedade se inspire nessa voz solidária. Aberta a temporada da “Lei de Lisca”.

 

 

 

 

Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador, ex-presidente da Fundação Joaquim Nabuco

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *