NEM 8, NEM 80: NENHUMA VACINA IMUNIZA O POPULISMO –
“Nem 8, Nem 80” é o nome da minha coluna na Folha de PE. Todavia, na ausência de um mínimo de equilíbrio, a expressão cabe bem nessa politização promovida agora em torno das vacinas contra a COVID 19.
De fato, por demonstrações explícitas de dogmas e/ou populismos, o leque é amplo. Vai dos que negam a vacina, passa pelos que duvidam da procedência e segue até os que prometem lançá-la sem testes mais efetivos. Esses comportamentos tão distintos quanto ideologizados, levam-me a concluir que há sinais evidentes de enorme desprezo com a pesquisa e a ciência. Troca-se todo esforço histórico pelo investimento em favor da competência e sabedoria, por um impulso oportunista em favor da prepotência e ignorância.
O negacionismo é um axioma comum às teorias conspiracionistas. Descrer na eficácia das vacinas é um dos princípios básicos que explicam as contradições encontradas pelos que assumem o anti-cientificismo. Não aceitar a vacina é discordar dos méritos associados à pesquisa e à ciência. As justificativas mais inadequadas e impróprias possíveis dão substância ao chamado movimento NO VAX, cujos adeptos difundem esse dogma negacionista.
No meio e no extremo dessa escala de questionamentos os casos de vacinas anunciadas que têm gerado embates políticos. Por trás disso, uma corrida politizada e populista, em nome da primazia de se assumir como pioneiro na descoberta e imunização. Pelo lado demandante, nesse “vale tudo”, atuam a ideologia de quem duvida da qualidade (China) e a hesitação científica de quem, sem esse aval, difunde e promete disseminar a vacina, na ausência de todas etapas de testes (Rússia).
Enquanto a política se coloca indevidamente acima da sua competência, lamento que todos envolvidos com tais reações ponham em xeque os exercícios longevos e dedicados de quem se dedicou às causas da pesquisa e sa ciência.
Tempos obscuros.
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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco