GOTEIRA TAMBEM FURA TETO –

O embate ideológico também tem sido uma regra na equipe econômica. Por mais distante que seja da essência de um conflito político e que faça alguns pedirem misericórdia pelo cometimento de pecados, esse tipo de episódio se revela como fato.

O ocorrido nesta semana, algo admitido pelo próprio Ministro como “debandada”, serve de um bom exemplo. Os liberais ortodoxos (por formação) e convertidos (pelas circunstâncias do descontrole das contas públicas) entre a remissão e a demissão (dias atrás, escrevi aqui sobre esse dilema), optaram pela segunda via. Prevaleceram a consciência ideológica de alguns e o senso prático de outros.

Restam hoje na equipe econômica alguns poucos que resistem ao intervencionismo (os tolerantes, que têm pedido remissão dos seus pecados), agora manifesto de forma clara, quando se almeja “furar” o teto dos gastos.

Claro que será preciso rever a politica social e se redefinir os gastos obrigatórios, num cenário pós-pandemia que se projeta para 2021. Isso terá implicações importantes no Orçamento Geral da União que agora se discute. Mas, de novo, o equilíbrio na postura técnica e política se faz necessário. Nem 8, nem 80.

Pelos fatos da semana, o sentido da pretensão de alguns por furar o teto, confirma também que, ao pé da letra, essa prática gera vazamentos que podem incorrer em problemas econômicos muito graves, já em 2021.

A conferir.

 

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

 

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