A BANALIZAÇÃO DE VÍTIMAS –
A foto ao lado é que se quer da infância. A felicidade expressa na inocência natural de uma criança. O sorriso de uma menina que só enxerga encantamentos.
O sorriso que retrata a beleza da foto, contrapõe-se a uma dura realidade, que esconde a amargura de meninas, vitimas de abusos praticados por seres desumanos. Não obstante tamanha agressão, confesso que estou ainda indignado, por conta dos rumos tomados por politizações descabidas, justo em assuntos que não convém se impor dogmas. Não bastasse a transformação de bula médica em urna eleitoral, agora temos que “engolir” outro absurdo. Parece que somos uma sociedade condenada a viver na essência das “replubliquetas”. Sem desenvolvimento, sem valores éticos, sem empatia e sem cultura mínima para a cidadania.
Mais um caso de estupro com gravidez, dessa vez como vítima uma menina de 10 anos. Chegou-se ao ponto de dar o nome da criança e revelar o conteúdo do prontuário da mesma. Um ato desumano, cruel e criminoso, sob a égide do ódio que tomou conta das redes sociais.
O caso ganhou evidência pela idade da vítima (10 anos), que há 4 anos já sofria abusos de um “monstro”, que não é aquele destemido das histórias de quadrinhos. É um real, covarde. Aliás, “Tio” da vítima. Enfim, um bandido que não pode exercer o convívio social.
Sendo assim, o foco está invertido. A vítima é uma criança, que deveria ter sido poupada. A atenção que o assunto merece deveria estar centrada no criminoso. Cadê o fanatismo armamentista que emudece diante desse tipo de bandido? E, com todo respeito que devoto às religiões, mesmo no meu exercício de fé cristã não consigo subtrair uma lógica, que a despeito da preservação da vida, ignora a brutalidade de uma violência praticada em incapaz. Como minimizar a dor de uma criança, vítima de uma violência física e psicológica tal, que lhe rendeu uma gravidez numa estrutura orgânica sem maturidade para gerar um ser humano?
Enfim, o problema está naquele que foi o responsável pelo estupro e pela violência de 4 anos praticada numa criança. Onde está o “Tio” bandido?
Enquanto vítimas são banalizadas, sacraliza-se o profano e profana-se o sagrado.
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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco