Suape: Um Crédito Político Histórico pelo Desenvolvimento de PE II –
Lutas e Conquistas que Fazem Pulsar um Projeto Público que Sempre Mirou o Futuro II
Como anunciei na coluna passada, concentro-me hoje num breve comentário sobre os desafios e esforços que projetam o futuro de Suape, na intenção de ver o complexo industrial e portuário inserido num modelo sustentável de desenvolvimento. Por maior que seja a visão dos céticos, que sequer enxergaram a linha consensual transformada em prioridade por governos rivais ou não, a verdade é que o projeto resistiu, está viabilizado e pronto para contribuir com ações sustentáveis, em favor das políticas econômicas, sociais e ambientais.
De cara, um voo panorâmico sobre os números alcançados. Os resultados são para lá de animadores e vislumbram para Suape um futuro certamente alvissareiro. De fato, Suape fechou o ano de 2021 com crescimento de 11,52% em sua receita líquida. Uma conquista que derivou da diversificação de cargas e da atração de investimentos. Com isso, gerou-se uma arrecadação de R$ 261,6 milhões em 2021, contra R$ 234,6 milhões em 2020.
Em complemento, tomo como referência desse olhar para o futuro, algo que está na própria configuração de Suape e que ainda representa um tema da hora. Refiro-me à questão energética, vista pelas lentes dos chamados projetos estruturadores, na perspectiva desejável da defesa da sustentabilidade. Nesse sentido, cabe-me destacar o que pode representar o que já se mostra instalado, assim como, aquilo que está ainda por se instalar. No primeiro caso, o foco está no papel da refinaria de petróleo. No segundo caso, o olhar se dirige para a planta industrial do chamado “hidrogênio verde”.
Com relação ao desempenho geral do atual segmento de combustíveis no terminal de granéis líquidos de Suape, cabem alguns registros marcantes. A começar pelo fato da área portuária ter superado seus concorrentes no setor público, como foi o caso do porto de Santos. Na realidade, Suape alcançou em 2021 a liderança nacional, em movimentação de granéis líquidos (derivados de petróleo) e na navegação por cabotagem (entre portos do mesmo país), conforme os dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Só o transporte de granéis líquidos tem representado algo como 70% da carga movimentada no porto. Por extensão, ainda na sua primeira etapa de operações, a refinaria Abreu e Lima tem batido recordes no refino e contribuído para essa boa movimentação. Claro que a expectativa melhora com os investimentos planejados pela PETROBRAS, para aumentar a capacidade de refino.
Por maiores que sejam os cuidados inerentes aos padrões de sustentabilidade, é claro que abordo aqui o lado da chamada “energia suja”, dependente do carbono. No entanto, é possível se encarar, a partir deste ponto, uma transição para algo novo, que crie alternativas independentes à dependência de fontes de energia fósseis. E essa perspectiva hoje é real, nos planos de um futuro imediato ao alcance das próximas gestões de Suape.
Bem, a aposta que me refiro aqui representa um investimento de US$ 3,5 bilhões, capaz de gerar 1 GW de energia limpa e que fará parte do cenário industrial do Complexo, a partir de 2026. Trata-se da produção de “hidrogênio verde”, na expectativa de encarar, por meio da eletrólise, uma fonte energética neutra em carbono.
Que essa perspectiva palpável do futuro, possa ser encarada pelos próximos governantes da mesma forma com a qual passado e presente se revelaram exequíveis pelo diferencial de Suape. Tudo realizado pelo esforços comuns de governantes anteriores, que não fugiram do compromisso com o desenvolvimento.
Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco
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