DA “INDIAZINHA” DA TUPI PARA OUTRAS “FÁBRICAS DE SONHOS” – OS 70 ANOS DA TV NO BRASIL – 

“Está no ar a TV no Brasil”. Essa frase foi dita por Sonia Maria Dorce, uma menina de 5 anos, que como a “indiazinha” símbolo da TV Tupi, trajava cocar e penas na cabeça. Certamente, ela não tinha muita noção que aquela singela missão deu início a maior revolução cultural deste País.

Claro que Chateaubriand, pela sua natureza arrojada, entendia que a aposta no negócio seria mesmo um sucesso. Para por o mínimo de produção que a emissora exigia diariamente, o esforço por mobilizar equipamentos e recursos humanos foi hercúleo. Esses últimos, em larga medida, recrutados do sucesso retumbante do rádio. Por sua vez, os equipamentos derivaram de uma capacidade de importação muito favorecida pelo clima de entusiasmo econômico que o Brasil edificava. “Chatô” teve até uma preocupação particular de importar 200 aparelhos de TV, justo para dar o “pontapé” inicial de um “jogo”, que logo se traduziu em preferência do consumo nacional.

Sobre esses aspectos econômicos falarei noutro texto, pois prefiro agora “divagar nas velhas lembranças”. Isso mesmo. Farei minha própria “versão sociológica”, evidentemente que sem quaisquer pretensões científicas, apenas para narrar o que vi, presenciei e curti com a TV. E será bem provável que muitos leitores se sentirão no mesmo clima. Meio nostálgico, mas muito próximos das suas vivências pessoais.

Depois da Tupi em 1950 (SP) e 1951 (RJ) e o surgimento de outras redes como a Excelsior, a Record, a TV chega ao Recife como pioneira em 1960. Por um lado, a TV Jornal do Commercio, genuinamente local, fruto da visão empreendedora de F. Pessoa de Queiroz. Por outro, a TV Radio Clube, parte integrante dos Diários Associados de Chatô, que ainda longe dos “programas ao vivo”, reproduzia os chamados “videos teipes” da Tupi.

Nesse ambiente tão próximo da TV, o Recife viveu tempos áureos. Conto mais dessa história e dos meus próprios envolvimentos enquanto criança atenta, no próximo texto.

 

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

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