O OUTRO LADO DA TV –

Logo após minha primeira década de vida, comecei a perceber que a TV não se resumia àquela nova Colorado do meu quarto. Nem muito menos naquela expectativa de ter em casa o vislumbre das cores na imagem. Afinal, para que tudo chegasse à telinha, muitas coisas aconteciam. E ao meu alcance.

Minha Tia Jane Gonçalves que, certamente, feliz irá ler este texto, foi uma pioneira do rádio em PE. Assim, era natural que eu tivesse acesso à TV. Através dela, não só conheci os estúdios de rádios, como pude conhecer emissoras de televisão “por dentro”. No meu imaginário, seria como se “entrasse no tubo de imagem”. De preferência, no da Emerson da sala, porque veria tudo na grandeza que a TV me despertava.

Com Tia Jane, não só tive o privilégio de conhecer cantores e cantoras, que frequentavam os estúdios das rádios onde ela atuou como apresentadora. Tive também experiências marcantes, em momentos ímpares da televisão pernambucana. Registro dois deles.

Inicialmente, a primeira ida aos estúdios da TV Jornal, na Rua do Lima. Da pompa do prédio em si aos equipamentos, foi tudo impactante. O luxo dos mármores, o porte das câmeras e a beleza do auditório foram registros que se mantêm vivos na minha memória. E desse auditório famoso não só lembro de Castelão, Luiz Geraldo, Jorge Chau e José Maria Marques, sem falar dos anfitriões “Seu” Pessoa e Dona Lotinha. Para aquele momento, a lembrança marcante era “Tia Linda” e sua “Cidade Encantada”. Talvez, a figura de Linda Batista tenha sido a arauta de Xuxa, Angélica ou Mara dos anos 80.

O outro registro marcante foi a inauguração da Globo Nordeste, no Morro do Peludo, em 1972. Mesmo na condição de uma criança de 12 anos, estive lá, com Tia Jane, em volta de tantos adultos e “pessoas importantes”. E o meu registro inesquecível foi ver de perto aquele que foi um dos “gênios” da TV brasileira: o conterrâneo Abelardo Barbosa, nosso “Chacrinha”. Juro que até hoje procuro nos álbuns deixados pela minha mãe uma foto histórica com o “Velho Guerreiro”. Infelizmente perdida.

Creio que esse universo da produção televisiva ficou hibernando em mim, para ajudar a despertar à frente o que me aconteceu no abraço ao cinema.

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

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