A BANALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA É A NOVA TRAGÉDIA NACIONAL –
Daqui de Natal (RN), de onde acompanhei o nascimento de meu segundo neto, assisti à felicidade e à esperança serem maculadas por duas situações absurdas de violência. Como encarar a alegria por uma vida tão inocente que chega ao mundo, diante de atos selvagens, que se contradizem com o senso humano?
O contraponto da minha euforia de avô, que acredita ainda num mundo mais humano e digno, que acolha a inocência de tantas crianças, foram os episódios de violência registrados em Florianópolis e no Recife. Este caso, a 200 metros da minha residência.
O primeiro evento de selvageria tem sido habitual e atinge o ambiente do futebol. A estupidez da reação de torcedores, que reagem ao mau desempenho esportivo de seu próprio time, com conduta violenta, que invade um ambiente de trabalho (no caso, o Centro de Treinamento do Figueirense) para agridir funcionários, quebrar patrimônio e fazer ameaças é uma cena que não só se repete, como tem passado incólume diante das autoridades policiais e judiciárias.
O segundo fato foi mais grotesco e por ser em ambiente aberto pôs em risco muitos inocentes, além do que foi vitimado. Trocar duas palavras agressivas e daí se derivar para o saque de arnas de fogo e proporcionar cenas de guerra é reafirmar que a vida imita a arte. Isso só seria possível na ficção de um filme, mas tem-se tornado comum, porque alguns seres (des)humanos vivem o seu ápice de supremacia. A prepotência fisica e o despreparo para se usar armas (até entre pessoas treinadas psra tal, imaginem o cidadão comum com esse direito) são ingredientes desse mundo novo, no qual a verdade particular, a negação ao diálogo e aposta no acirramento são “qualidades” perigosas.
Infelizmente, a grandeza da intolerância resume bem o quanto a violência se tornou banal neste País.
A sociedade do bem clama por paz. E a defesa desse mantra poderá salvar a geração dos meus e de tantos outros netos.
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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco