PONTO DE VISTA DE ALFREDO BERTINI

CORES E MUSAS –

Acompanhei a Copa de 74 sem as cores tão sonhadas na tela. Só em 1976, foi que a danada da TV das imagens coloridas chegou lá em casa. Não era uma Telefunken ou marca mais cara. Era apenas uma Semp 20 polegadas, financiada pelo crediário. Enfim, tinha chegado a hora de por em segundo plano a pequena Colorado RQ. Algo melhor ao alcance, que punha em sintonia duas etapas da minha vida: a vivência da tecnologia das cores na TV com o despertar de uma adolescência, que me trazia a utopia de sonhar com as estrelas. Sim, as atrizes, agora esbanjando suas belezas cênicas em imagens coloridas.

Na infância e pré-adolescência, com o olhar da inocência, pude conferir as belezas angelicais de Glória em “Meu Pé de Laranja Lima” (1970) e Ana Maria de “Vila Sésamo” (1972), respectivamente, Bete Mendes (desde 1997, uma querida amiga) e Sônia Braga. Na medida que conseguia escapar do horário de dormir, tive tempo para bisbilhotar as novelas das 22 h: O Cafona (1971), Bandeira Dois (1971/72), O Bofe (1972/73), O Bem Amado (1973) e Os Ossos do Barão (1973/74). Tudo em P&B. Dessas todas, minha lembrança da belíssima Sandra Brea, que para mim, nos capítulos de “O Bem Amado”, apresentava-se ainda bicromática.

Mas, somente em 1973 e, portanto, antes da TV em cores chegar em casa, foi pelo cinema, no velho Atlântico do Pina, que o colorido da tela me despertou para outras musas. Entrava escondido no vizinho cinema para conferir de perto outras musas como Vera Fischer (em “Super Fêmea”, 1973) e Adriana Prieto (em “Viúva Virgem”, 1973). Esta, falecida num acidente trágico, no ano seguinte, aos 24 anos de idade. Como pude também ver, pela primeita vez na telona,
Sandra Brea (em “Os Mansos”, 1973), já anunciada como protagonista de “Os Ossos do Barão” (1974), vistas sem cores. Ainda fora das escapadas para o cinema, pude ver em P&B Sônia Braga, eternizada em “Gabriela” (1975).

Enfim, a Semp chegou em casa a tempo, para ver de perto outra obra-prima de Dias Gomes: Saramandaia. Não me ative apenas às cores e ao exotismo dos moradores de “Bole-Bole”. Sônia Braga estava no elenco como a sedutora Marcinha. Aliás, no mesmo ano do seu sucesso como “Dona Flor”, no cinema

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores
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