ALMA E CARA 100% BRASIL: UMA HISTÓRIA QUE ORGULHA –
Para mim, o ofício de escrever é um ato de sedução consumado, entre a cabeça que pensa e a mão que digita, diante da cumplicidade do olhar. Ao fazê-lo em nome de uma reverência, o gesto só é menor que o êxtase alcançado. Ao me render agora à conclusão dos textos que escrevi pelos 70 anos da TV, creio que esse tributo seja uma atitude digna de consideração e respeito. Como telespectador, economista e profissional engajado no audiovisual, senti-me compelido a exercer esse meu papel. Afinal, reconheço a TV como o maior fenômeno cultural do País, no sentido de influenciar esse “mosaico” tão diverso que caracteriza nossa sociedade. Uma assertiva que carrega o mérito que cabe a todos os agentes sociais que fizeram da TV uma “indústria de sucesso”.
Para chegar onde chegou, a TV brasileira trouxe no seu brilho atributos: visão empreendedora, investimento em recursos de produção competitivos, valorização da inovação (tecnológica, informacional e artística) e superação de desafios. Nossa TV fez uma trajetória num misto reflexivo “chapliniano” e “coraliniano”. Teve na persistência, na obstinação, o caminho do êxito (Chaplin). E a certeza de que mais importante que o ponto de partida dado há 70 anos, tem sido a caminhada (Cora Coralina). Afinal, sucesso é consequência de perseverar na trilha que leva ao alvo desejado.
Daí, como não destacar a ousadia desbravadora do empreender, por exemplo, de Chatô (Tupi), Roberto Marinho (Globo), Paulo Machado de Carvalho (Record), Mário Wallace Simonsen (Excelsior), João Batista do Amaral (TV Rio) e F. Pessoa de Queiroz (da nossa TV Jornal)? E o que dizer da visão gerencial, técnica e artística de Walter Ckark e José Bonifácio Sobrinho (Boni)? De novo, como dizia Chaplin, todos “lutaram com determinação, abraçaram a causa com paixão, porque sabiam que o mundo só pertence a quem se atreve”.
Lutadores, apaixonados e atrevidos, fizeram do sonho de fazer uma TV exemplo de excelência na qualidade e motivo de orgulho de ser brasileiro. Em tempos de negacionismos diversos, pelo que fez em 70 anos, assino em baixo em defesa da relevância econômica, social e cultural da TV brasileira. Viva!
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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco