80 ANOS QUE EQUIVALEM A 43 DP –
Neste dia 23, o futebol tem razões para comemorar. Fará isso com enorme regozijo, pelas lembranças. Para essas, valem a máxima: quem o viu jogar, viu; e quem não pode, que sacralizem as imagens de jogadas e gols. Depois, agradeçam.
Pelé é a realeza. O jornalista e historiador Marcos Gutterman, no seu livro ” O Futebol Explica o Brasil”, considera a estreia dele aos 15 anos um marco. Ponho o “dedo no bedelho” e me arrisco num pensar diferente.
Na minha tese referendo que se tratam de 43 anos. Pelo atleta diferenciado. E pelo bem do esporte. E explico. Gutterman destacou os 64 anos de “geração Pelé”, contados a partir da estreia (1956). Prefiro fazer diferente. Registro os 16 anos prévios à vida profissional. Daí, acrescento os seus 21 anos de exercício da genialidade. Por fim, os 43 anos como o único mito brasileiro vivo.
Com o devido perdão dirigido a quem venha discordar do termo e da comparação, seria bem possível se destacar a “era Pelé”, como se fez pelo conceito do “Anno Domini”, da “era Cristã”.
A História do Futebol se escreveria:
– “aP” (antes de Pelé), dos primeiros registros do futebol até 1956;
– “cP” (com Pelé), do primeiro jogo em 1956 ao último em 1977; e
– “dP” (depois de Pelé), a partir do último jogo em 1977.
Assim, os 80 de hoje são para o futebol o ano 43. Derivam-se daí duas questões, que podem suscitar dúvidas. Por que a era “cP”? E será que toda essa reverência não melindra outros craques?
A introdução do “cP”, da era “com Pelé”, é um “pleonasmo temporal”, absolutamente proposital. Sem redundâncias e reticências. É o registro da passagem do “gênio”. Ponto.
Em complemento e dela se materializando uma conclusão, o fato de prováveis reações de craques, valem para isso os motes imbatíveis sobre o Rei: inigualável nas conquistas e atleta completo. Novo ponto.
Se Maradona foi também um craque incontestável e sua mão Divina o diferenciou numa Copa, Deus se fez presente em corpo e alma nas três Copas de Pelé. Único.
Se o Papa é argentino e de um Santo (San Lorenzo), Deus é Brasileiro e no futebol fez um negro Rei e de todos os Santos. Inclusive, o “Futebol Clube”, da Baixada. Completo.
E viva o Rei!
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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco
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Alfredo Bertini, em sua crônica, sem paixão ou bairrismo, com um texto claro e elegante nos remete ao
significado da herança e do reinado de Pelé. Foi sintético e verdadeiro.