OS TEMPOS SOMBROSOS CONTINUAM –

Cena 2: Uma Nova Conversa entre Amigos

– Essa história da eficácia da vacinação me deixa muito inseguro. É a origem de quem produz, são os testes feitos na pressão por resultados. O que vc tem a dizer sobre isso?

– Como da vez passada, vou construir outra parábola ilustrativa para tentar lhe fazer entender essa politização absurda.

– Então, conte aí para mim…

– Vou-lhe contar sobre três cidadãos distintos, que exercem dignamente suas missões na sociedade. Todos envolvidos com o tema do COVID 19.

– Entendo, pode continuar…

– Bem, o primeiro deles é um profissional dedicado à pesquisa, daquele tipo de cientista que não se pauta por valores ideológicos no seu compromisso com a descoberta. Afinal, foram anos de estudos, transformados numa cobrança externa por respostas imediatas, na forma de uma vacina salvadora.

– E o segundo?

– Este, não menos comprometido com sua importância profissional no combate à pandemia, é um profissional experiente de saúde pública. Por saber o valor da eficácia da vacina toma uma decisão corajosa de ser mais um voluntário para os testes.

– E o terceiro?

Representa a dor que uma doença grave impõe sobre ele e seu ambiente. Em vez de cumprir sua missão profissional, dirige-se diariamente ao hospital para saber do estado de saúde do sua mãe, gravemente contaminada. A falta do contato dele e da família e o risco de um perda sem despedida, deixam esse cidadão impotente à mercê dá força devastadora da doença.

– E qual o fim dessas histórias?

– Bem, são destinos diferentes, de seres que merecem o devido respeito em cada luta aqui retratada. Podem não se cruzar, mas trazem no seus âmagos uma certeza: que a provação do terceiro é a motivação que inspira os dois primeiros a continuarem seus esforços. Isso é saúde pública.

Com ou sem politização, o danado é que há quem não acredita nesse conceito. Nem na missão dos dois primeiros e na dor do terceiro. E que, por ignorar a extensão da doença, ainda trata a morte como algo bestial.

Tristes exemplos precursores de uma república recém-instaurada: a Maricolândia.

 

 

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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