FAKE NEWS: AS “MEMÉTICAS” MENTAIS E AS MENTES SEM ÉTICAS –

Em tempo de retiro forçado pelos limites da segurança sanitária, minhas reflexões colidem com insanidades. Nesse mundo de absurdos, a contaminação viral biológica se mostrou impotente diante de outras formas de contágio social, que têm se revelado tão ou mais preocupantes.

O vírus biológico tem seu poder, mas há organismos que reagem, geram defesas, combatem e vencem o inimigo. Nesse mundo 5G, a contaminação mental se dá por “memes”, que se propagam entre cérebros feito um vírus agressivo, que vai ao encontro do que se cria como crença ou medo. Gera-se a verdade absoluta, sem qualquer reação orgânica.

Se antes da crise sanitária a “memética” mental era a retaguarda do negacionismo, do conspiracionismo e de outras baboseiras alienantes, tornou-se instigante usar esse princípio contaminante em mentes frágeis, já impactadas pelo poder de um vírus biológico desconhecido e agressivo. Ou seja, em cima da incidência de teses virulentas que moveram o mundo nos últimos 4 a 5 anos, o campo fértil da pandemia, das vacinas e outros temas associados deram o tom do exagero. Somam-se pandemias: a biológica e a mental.

Não bastasse o fato desse obscurantismo, ainda há quem pratique a falta de respeito e ética. Mentes doentias que propagam a desinformação e a mentira É lamentável que numa hora de sofrimento familiar as redes sociais propaguem a morte de figuras públicas. Genival Lacerda acabou de ser vítima dessa crueldade pela terceira vez neste ano. O absurdo de se difundir uma morte inexistente. Noutra perspectiva, eu mesmo abortei na origem uma informação de que estava internado para um transplante de fígado.

O que significa isso? Uma “competição” mórbida para difundir sensacionalismo? Ou um estranho exercício para se antecipar no anúncio de uma inverdade? Ética zero, além do desrespeito com a dor da vítima e dos familiares.

Ao ler em “O Anel de Giges” de Eduardo Gianetti sobre a questão ética a partir da fábula platônica de Giges, cabe-me aqui uma provocação aos desinformados: desconfie de si mesmo e reveja suas atitudes enquanto espectador da própria vida. Um exercício de ética para quem vive de fakes.

 

https://www.instagram.com/p/CId2J35hSeE/?igshid=9nqs31egxdg9

 

 

 

Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

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