CUIDADO, ESPERANÇA E FELICIDADE: TRINÔMIO BÁSICO DO ANO MAIS DESEJADO DO SÉCULO –

A álgebra nos revela o trinômio do quadrado perfeito. A sociedade atual, derivada da pandemia, confirma-nos o trinômio do mundo imperfeito. Pela minha formação acadêmica, considero-o rigorosamente redondo. Mais ainda: de estrutura desigual, ditada pelas ciências da natureza e humanas.

Digo isso porque a grandeza dessa crise sanitária, que no Brasil ganhou dimensões econômicas, sociais e políticas mais agudas, ratificou o quanto somos desiguais, sob os pontos de vista mais distintos. Só que os contrastes parecem ter atuado de sinais contrários, no que tange às expectativas. O que seria para o bem, como a diversidade étnico-cultural, funcionou com a carga de um preconceito que agiu entre o sutil e o escrachado. O que seria para o mal, como a desigualdade de renda, atuou com a evidência de um viés histórico, que se mostrou renitente a esforços pela sua atenuação.

Visto isso, a questão que se impõe agora – em fase final de ano, quando quase todos se comprometem a favor das mudanças – é ampliar as iniciativas pessoais pela reflexão. Mais do que nunca, 2020 foi um marco que referenciou uma série de dificuldades, embora se possa extrair dele muitas lições. Basta que cada um de nós queira e que se esforce por isso.

Então, mãos à obra. Busquemos o trinômio da vida para 2021. Cuidado, porque as consequências da pandemia ainda pedem zelo com a vida. Esperança, no sentido de buscar e não de apenas esperar, como reação a tudo que pareça não ter saída. Felicidade, porque o ato de ser feliz está no presente, com as lições do passado e as utopias como exercícios de perseverança.

O escritor uruguaio Galeano dizia que “quanto mais perseguia a utopia, mais ela estava à frente, num horizonte inalcançável”. E isso lhe fazia questionar “o porquê de persegui-la com obstinação”. Só que a resposta para essa questão o próprio Galeano apontou: “o segredo está em não deixar de se caminhar”.

Por mais que o tal trinômio possa ser encarado como utópico, vale à pena seguir na estrada. Afinal, a vida sem utopia é uma mesmice infinita enquanto dure.

Um 2021 cuidadoso, esperançoso e feliz para todos nós!

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Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador. Ex-Presidente da Fundação Joaquim Nabuco

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