Eis uma bibliografia que permite o entendimento de muitos aspectos da crise que estamos por atravessar.

Assusta-me a ascendência de lideranças que falam de democracia, sem saber respeitá-la e exercê-la como tal. Costumam usar mentes, olhos e ouvidos para suas próprias conveniências dogmáticas, menosprezando as diferenças e tratando os rivais como inimigos mortais. Ignora-se, assim, o bom discernimento para se fazer frente aos diferentes. É a “democracia do meu jeito”. Extrato de um populismo que, vira e mexe, volta a assusta feito “fantasma” em filme de terror.

O conceito de democracia precisa ser robusto e de mão única. Não existe meio democrata. Quem discorda dos seus pilares está na fronteira do horror, entre os exercícios da autocracia ou do totalitarismo. A real democracia, com respeito às amplas liberdades, não pode sequer ter viés tautológico. Não aceita redundâncias. Para prevenção: ler COMO AS DEMOCRACIAS MORREM, de Levitsky & Ziblatt.

Assim, enquanto regime de permanente comprometimento, a democracia é uma “engenharia política” complexa, exige equilíbrio de trapezista e paciência de monge. No contexto atual, sem ela não há outro remédio que seja capaz de segurar a histeria dos dogmas, inflamada pela capilaridade das redes sociais. Esse exercício extremado se tornou tão ou mais preocupante que o vírus biológico que nos condena hoje. Essa outra virulência agressiva é a mental e robotizada, que se exponencializa em rede como uma verdade. Para entender: ler ENGENHARIA DO CAOS, de Giuliano da Empoli.

Tempos estranhos, que parecem dar sentido ao que disse Woody Allen: “os maus entenderam alguma coisa que os bons ignoram”.

 

Alfredo Bertini – Economista, professor e pesquisador

Uma resposta

  1. Perfeito o texto de Alfredo Bertini.
    Lúcido e um alerta consistente para os tempo que estamos vivendo.
    Parabéns ao blog e ao leitor.

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