Um terço da escolas municipais que já deveriam ter retomado as atividades in loco seguem sem ter aulas presenciais em Natal por conta de problemas estruturais.

O dado é da própria Secretaria Municipal de Educação (SME). A rede municipal voltou a ter atividades presenciais em julho deste ano após cerca de 16 meses de paralisação por conta da pandemia da Covid.

Segundo a pasta, a rede municipal tem 133 escolas que já deveriam ter retornado às aulas no calendário de retomada gradual da secretaria. Mas 46 delas ainda não fizeram isso por problemas estruturais.

São 59 instituições do Ensino Fundamental (de 1º ao 5º ano) e 20 delas ainda têm os alunos fora das salas de aula. Dos 74 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI’s), 26 seguem com educação à distância.

A Secretaria de Educação explicou que o retorno presencial atualmente é optativo para os alunos. Assim, os responsáveis decidem se o estudante vai manter a educação à distância ou voltará à sala de aula. Atualmente, o município tem 59 mil alunos matriculados em todos os níveis.

Falta de bebedouro e infiltrações

A Escola Municipal Professora Ivonete Maciel, em Cidade da Esperança, Zona Oeste, é uma das instituições que seguem sem os alunos nas salas de aula.

Os dois bebedouros do local não estão funcionando. A caixa d’água também apresenta um vazamento que causa infiltrações no teto, principalmente do banheiro feminino usado pelas alunas.

Além disso, uma rede colocada para impedir a entrada de pombos que sobrevoam a área se rompeu, e as aves têm sujado as paredes e os pisos com fezes.

Alguns ventiladores na unidade também estão sem funcionar. Em uma das salas, um dos aparelhos só liga e desliga se acionar o disjuntor.

Já a cozinheira Suerda Tavares teve que largar o emprego para dar assistência à filha, também aluna do 2º ano.

“Eu tive que deixar de trabalhar por causa das aulas da minha filha, que não retornaram ainda. A manutenção era pra ser feita. Teve tempo da secretaria (de Educação) resolver. Teve até demais”, reclamou a mãe, relembrando que desde a suspenção das aulas por causa da pandemia, em 18 de março de 2020, já se passou quase um ano e meio.

Questionada sobre essas perdas, a secretaria informou que foram de “ordem financeira e de funcionários mortos em decorrência da Covid-19”.

Escola sem banheiro

Já no CMEI Haydeé Monteiro de Melo, na Vila de Ponta Negra, Zona Sul, a obra para restaurar e ampliar a unidade começou em agosto de 2019. Ou seja, antes mesma da pandemia. O prazo de entrega era para abril de 2020.

Atualmente, a instituição não conta com banheiros para atender as crianças. A direção já considera começar as aulas presenciais antes mesmo do fim dos serviços.

“Como retornar as aulas presenciais sem os banheiros infantis? Vamos esperar pelo menos os banheiros ficarem prontos”, afirmou a diretora Josiene Ucella.

A reportagem questionou a SME sobre a situação do CMEI. Em nota, a secretaria disse os atrasos na obra são “em decorrência de questões administrativas” e que “a empresa foi orientada a isolar o espaço em obras e priorizar a finalização dos banheiros”.

De acordo com a secretaria, “nos próximos 30 dias o serviço dos banheiros vai ser finalizado, uma vez que, o processo de cura do concreto na laje tem duração de 28 dias. Esta medida é necessária para segurança da obra.”

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