Problemas climáticos e intervalo de safra encareceram a cebola e o tomate no mês de janeiro, mas a expectativa é de melhora nos preços pelos próximos meses, afirmam especialistas.
As duas hortaliças foram destaque de alta no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, divulgado nessa terça-feira (9). O IPCA, que mede a inflação oficial do país, subiu 0,25% no mês passado, liderado pelo grupo dos alimentos, que avançou 1,02%.
A cebola disparou 17,58% em relação a dezembro; o tomate aumentou 4,89%.
Os dois alimentos já vinham de uma alta em 2020, acumulando no ano crescimentos de 14,49% e 52,76% (a cebola e o tomate, respectivamente). O novo aumento dos preços acontece desde a segunda quinzena de dezembro, depois de uma leve baixa nos seus valores no início do mês passado.
Entenda o que aconteceu.
Os altos preços da cebola são causados por uma falta de oferta do legume no mercado, por causas de problemas durante o seu cultivo.
As dificuldades começaram em setembro e outubro, quando houve uma seca durante o período de plantio, como explica a pesquisadora Marina Marangon, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq-USP.
A pesquisadora diz que a baixa oferta também está sendo gerada pelo período úmido durante a estocagem, que acontece agora. A umidade acaba favorecendo a possibilidade de desenvolvimento de fungos nos produtos, diminuindo a sua qualidade.
Por causa da pouca oferta das cebolas nacionais no mercado foi preciso aumentar a importação das cebolas chilenas em janeiro e, agora em fevereiro, das cebolas argentinas, para abastecer os consumidores.
Para as próximas safras a situação parece mais otimista. “Por causa do tempo seco, outras regiões acabaram plantando mais, então é provável que a gente tenha um maior volume de cebola disponível, uma maior oferta e aí uma diminuição de preços”, relata Marina.
Porém, ainda é preciso esperar: “Mas o plantio acabou de acontecer, pode ser que chova durante o desenvolvimento, então não dá pra ter tanta certeza”, comenta a pesquisadora.
O tomate, que já vinha de forte alta em 2020, teve nova subida nos preços provocada por um intervalo de safra concentrado no início do mês de janeiro, afirma o pesquisador João Paulo Deleo, que também é do Cepea (Esalq-USP).
Contudo, os valores da hortaliça já estão em queda com a retomada da colheita em algumas regiões do Brasil. E a expectativa é de preços menores em fevereiro.
Já na segunda metade do mês passado, produtores de Santa Catarina – estado onde a safra do tomate está em seu pico – começaram a colher a hortaliça, ao mesmo tempo em que a região de Itapeva (SP) retomou a produção.
“Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, também está colhendo bastante”, afirma o pesquisador, indicando expectativas melhores ao consumidor neste mês.
No ano passado, com o auxílio emergencial o poder de compra do consumidor estava maior e com isso era possível encher mais o carrinho do supermercado. Apesar do fim desta renda extra para a população e o aumento nos preços, Deleo não acredita em uma queda no consumo das hortaliças.
“As hortaliças são alimentos essenciais de baixo valor agregado. Mesmo com preços altos, elas são mais baratas que as carnes, por exemplo”, acrescenta Deleo.
Fonte: G1
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