POR QUE VOLTEI! –

 

“Ninguém se perde no caminho da volta, porque voltar é uma forma de renascer.” (Frase do escritor paraibano José  Américo de Almeida)

Estamos de volta, após período de ausência.

Renovamos o nosso lema, que sempre foi a “informação com opinião”.

A inspiração vem do grande Rui Barbosa, com alguns princípios ora relembrados, que exerceu a advocacia e o jornalismo, usando-os como instrumentos de luta contra o arbítrio e a injustiça.

Para Rui, “nos países onde o parlamento representa mal a Nação, a pena do jornalista vale mais que a eloquência do orador”.

Essa é a forma de combater o Deus dos políticos dogmáticos, dos intolerantes, dos fanáticos, dos que reduzem a divindade à encarnação das paixões do homem a forma mais grosseira da idolatria e politeísmo, quando a liberdade, o bem e a verdade se esvaziam, perdendo o seu dinamismo e o seu poder fecundador do caráter e da tarefa de cada dia (citação reproduzida em O Estado de S. Paulo, de 1.03.1973).

A importância da juventude foi destacada:

“Os combatentes de hoje são as aves já em meio do caminho, pousadas nos ramos secos da floresta. A mocidade é o futuro, as andorinhas em busca da primavera e de luz”.

Em novembro de 1919, em conferência que pronunciou na Bahia, Rui defendeu o evangelho como fonte de poder e reconheceu que o evangelho não é reconhecido e que toda “essa gente olha de cima para baixo, vai à missa ou se ajoelha nos templos, veste a opa das procissões, ou beija a mão aos ministros do Senhor, brilha nas devoções, ou priva com o clero, mas enchem de fel a vida do próximo, acossam de iniqüidades os pequenos, e espremem até  o sangue o coração dos seus semelhantes..

“É que não conhecem do Evangelho senão o avesso”.

Como paraninfo da turma de Direito na Bahia, Rui apontou críticas ao Judiciário às deformações do Executivo e às omissões do Legislativo.

Assim aconselhou:

“Não sejais, pois, desses magistrados, nas mãos de quem os autos penam como as almas do purgatório, ou arrastam sonos esquecidos como as preguiças do mato”.

 Aos advogados proclamou-os a não “fazerem da banca balcão, ou da ciência mercatura”, mas “servirem aos opulentos com altivez e aos indigentes com caridade”.

A Imprensa e o Dever da Verdade colocam-se como eixos fundamentais de uma democracia estável.

Ao jornalista cabe preservar as questões éticas, a responsabilidade e a função social dos meios de informação coletiva e os seus deveres profissionais.

A liberdade imprensa resguarda a sociedade da mentira oficial, colocando o estado a serviço da comunidade e não aos governantes.

“Nunca se deve encobrir ao público circunstância alguma, quaisquer que sejam os inconvenientes de sua divulgação” (Rui Barbosa).

Russell, o famoso correspondente do “Times”, jornal britânico, no teatro da guerra perguntava, a Delane, o seu diretor:

“Que hei de fazer diante de atrocidades; dizer estas coisas, ou calar? ”

 A resposta foi incisiva:

“Falar verdade, sem indulgência, nem receio”.

Times não admitia “véus”.

Para enfrentar todas essas circunstâncias, Rui sugere três âncoras:

“O amor da Pátria, o amor da liberdade e o amor da verdade”.

Fora dos limites dessas âncoras, não existe outro sistema de moral, salvo o contemplado na ironia do provérbio, segundo o qual quem furta é ladrão, quem muito furta, é barão.

Por fim, Ruy Barbosa reafirmou o dever da verdade ao escrever:

“Cara nos é a pátria, a liberdade mais cara; mas a verdade mais cara que tudo. […] damos a vida pela pátria. Deixamos a pátria pela liberdade.

“ Mas pátria e liberdade renunciamos pela verdade”.

Neste espaço do conceituado DIÁRIO DO PODER, o nosso compromisso será com a opinião isenta, sem nenhuma autossuficiência e sem preocupações de agradar ou contestar.

Apenas, como contribuição à formação da opinião livre de cada um dos nossos internautas.

Por isto, “Voltei! ”

 

 

 

Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino-Americano, procurador federal,  [email protected] 

As opiniões contidas nos artigos são de responsabilidade dos colaboradores

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