PORTUGAL: EXEMPLO DE POLÍTICA ECONÔMICA COM NOÇÃO SOCIAL –
Chego de viagem a Portugal, trazendo excelente impressão da recuperação econômica e social do país.
Lá estivera há cerca de cinco anos.
A impressão fora outra.
Constatei a época, que o país enfrentava profunda recessão, fraco crescimento e acumulação de desequilíbrios internos e externos graves.
Desemprego e emigração se destacavam entre as principais consequências sociais, além de restrições ao financiamento de órgãos internacionais.
Ouvi depoimentos estarrecedores, de funcionários públicos e aposentados, que não recebiam proventos e salários, sendo obrigados a aceitar reduções de rendimentos e de direitos.
Agora, constatei o contrário.
Percebe-se o otimismo desde o motorista de taxi, até comerciantes e profissionais em geral.
O turismo explode.
A economia portuguesa cresce acima da média da União Europeia e da zona euro.
O emprego aumentou 3,5% no final de 2017 e o desemprego caiu para 8%.
Tudo isto com acréscimo salarial e redução da percentagem de emprego informal.
O déficit orçamentário de 2017 caiu para 0,9% do PIB.
O excedente primário foi de 3%, o segundo mais elevado da União Europeia.
O crescimento do investimento, o aumento das qualificações e a estabilidade social contribuíram para os ganhos de confiança e competitividade, observados nos últimos dois anos.
As exportações portuguesas representam mais de 43% do PIB e ganharam 3 pontos percentuais de quota de mercado em 2017.
As previsões econômicas da Comissão Europeia apontam para um crescimento de 2,2% em 2018 e de 1,9% em 2019.
Portugal realmente virou a página e caminha para o crescimento econômico e social.
Depois de uma década de fraco desempenho e de uma grave crise, a economia portuguesa consegue recuperar-se.
O mais importante é que ao contrário dos gregos, que seguiram à risca a cartilha da austeridade econômica do FMI, o governo português do primeiro-ministro António Costa, do Partido Socialista, no poder desde novembro de 2015, conseguiu reduzir o déficit fiscal, ao mesmo tempo em que aumentou os salários e aposentadorias aos níveis anteriores à crise econômica de 2008.
Portugal comprovou a receita de que, como resposta à crise global, mais indicado do que austeridade aguda, o país deveria elevar a demanda interna para impulsionar o crescimento, sem sacrificar em demasia os assalariados.
Ou seja, se o governo gastar mais, é possível reativar a economia, aumentar as receitas e, eventualmente, reduzir o déficit orçamentário.
O bom desempenho da economia colocou o país em posição privilegiada na turbulência que atinge a Europa.
Além disso, comprovou que a solução keynesiana, adotada pelos portugueses – referência às teorias do economista inglês John Maynard Keynes defendendo a intervenção do Estado para impulsionar a economia – está funcionando e gerando crescimento.
Assim aconteceu e deu certo.
Ao final da minha recente visita a Portugal conclui que a economia e a sociedade portuguesas mostram que o desenvolvimento sustentável está sendo alcançado.
Não deixa de ser um bom exemplo para o Brasil seguir, pós-eleição de outubro.
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