POTIGUAR TESTEMUNHA DO 11 DE SETEMBRO –

Em 11 de setembro de 2001, o advogado e jornalista NEY LOPES JR morava em Washington DC, onde cursava o mestrado de Direito Econômico e relações internacionais.

Por tal razão, foi testemunha ocular do ataque terrorista iniciado em NY e em seguida dirigido à capital americana, com bombardeio do Pentágono.

Recordando neste 11 de setembro de 2021, confesso que foi uma das mais duras experiências que já passei na vida.

No ano de 2001 estava em Washington DC, frequentando o Mestrado em Direito Econômico, na American University.

Como sempre, chegava às 7 da manhã na sala de aula. Era uma terça feira – dia em que tinha maior números de aulas e horas de estudo na Biblioteca da Universidade

Naquele dia, o professor de Economia Latino-americana pediu aos alunos, que acessassem o canal da CNN, no computador instalado em cada banco escolar, para análise de um fato relevante, em destaque.

Surpresa e pânico: todos constataram na tela da TV, a informação de que um avião da American Airlines acabara de atingir as torres gêmeas em NY.

Seguiram-se imagens “ao vivo” do choque das aeronaves, gigantescas explosões, pessoas se jogando dos andares, fumaça, destroços e labaredas de fogo, envolvendo o topo dos edifícios, cujas estruturas ruíam em questão de minutos.

Lia-se na legenda da notícia: “terrorismo declara guerra aos Estados Unidos”.

A primeira impressão era que se repetia o ataque de surpresa na base naval de “Pearl Harbor”, ocorrido na manhã do domingo 7 de dezembro de 1941.

Minutos depois, a CNN noticiava o pior momento para mim: outro avião sequestrado se dirigia à Washington DC e supostamente iria explodir a Casa Branca, o Pentágono e poluir com armas químicas o rio Potomac, fonte da água consumida na capital americana.

A “American University” estava a cerca de dois quilômetros do Pentágono, o centro militar da inteligência norte-americana. Anunciou-se que o Presidente e o Vice já estavam em túneis de segurança máxima.

Professores e alunos saíram das salas de aula. Afirmava-se que começara a III Guerra Mundial.

De repente, ouvi grande explosão e densa fumaça negra cobrindo o céu. Um caminhão em disparada, cheio de explosivos, ultrapassou as barreiras de segurança do Pentágono e explodiu em seguida.

De onde estava deu para sentir o calor das chamas. Ao vir para a Universidade, sempre passava em frente ao Pentágono e admirava aquela fortaleza de pedra, onde se localizava o maior poder bélico do mundo, com armamentos moderníssimos, naquele instante envolto em chamas.

Ainda continuava a ameaça do avião sequestrado, que voava em direção a Washington DC.

A partir daí intensificaram-se gritos de pessoas chorando, outras rezando.

Com a Universidade evacuada fui ao pátio e peguei o carro, com a intenção de voltar ao meu apartamento. O trajeto era de 15 minutos, no máximo.

Naquele dia foram mais de cinco horas, de congestionamento e forte esquema policial. Nas ruas, o povo a pé, outros em automóveis, apelos dramáticos, orações de joelhos. Parecia aqueles filmes de ficção americanos..Não podia ter comunicação com meus pais. Os celulares desativados.

Confesso que senti medo.

Não sabia o que fazer

Na Universidade, presenciei cenas de constrangimento. Colegas árabes e muçulmanos, que comigo faziam o mestrado, foram jogados contra a parede, revisados e isolados.

Já se sabia, que o ataque fora comandado por árabes. As ruas ficaram desertas por mais de uma semana.

As rodovias, o metrô, o metrô o porto de Baltimore, que abastece Washington DC, tudo interditado.

Soube-se depois, que os passageiros do avião sequestrado, impediram que os terroristas jogassem a aeronave contra a Casa Branca.

O avião caiu próximo a Washington DC e todos morreram, após terem relatado a amigos e familiares pelos celulares a luta que travavam, em busca da sobrevivência.

Só sabe o risco da guerra e do terror, quem passou pelo que passei. Graças a Deus sobrevivi. Mas, se o avião tivesse sido jogado contra o Pentágono, ou a Casa Branca haveria muita probabilidade de atingir a nossa Universidade e vasta área residencial de Washington.

A paz é o bem maior da humanidade.

Por isto, luto por ela em todas as situações.

Somente o amor e a solidariedade constroem!

 

 

 

 

 

Ney Lopes – jornalista, ex-deputado federal, professor de direito constitucional da UFRN e advogado

As opiniões contidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *