PRA QUE CURAR –

O bioquímico estadunidense e professor da Yale Universit, Thomas Steitz, ganhador do Nobel de Química em 2009, numa entrevista em Madri, em 2011, denunciou o fato de que os laboratórios farmacêuticos não pesquisam antibióticos efetivos “porque não querem que o povo se cure”. E mais adiante acrescentou: “Preferem centrar o negócio em medicamentos que deverão ser tomados durante toda a vida”.

Nunca esqueci a coragem do pesquisador, tampouco a verdade contida na sua declaração. É fato notório que se houvesse interesse em pesquisar medicamentos eficientes para curar muitas das doenças crônicas que grassam milhares de vidas mundo afora, elas não mais existiriam. Então se estabelece o questionamento: “Por que não curar?” Elementar a resposta: “Porque cifrões deixariam de serem contabilizados pelos laboratórios”.

Fabricar e vender medicamentos se tornou um negócio tão rentável e atraente que farmácias são abertas todos os dias, em todos os bairros de todas as cidades do país. Ao ponto de instalarem uma de frente para a outra numa concorrência irracional por conta de centavos de abatimento no preço do remédio.

Portadores de doenças crônicas são os que ‘pagam o pato’, por diversos motivos: primeiro, porque dependem da droga para se manter vivos; segundo, porque nunca vão se curar; terceiro, porque a alternativa entre viver e morrer, está atrelada ao fato de comprar ou não comprar o medicamento.

Falemos de uma das doenças crônicas, a diabetes por exemplo, doença que afeta a forma como o corpo processa o alto nível de glicose no sangue. O Sistema Único de Saúde – SUS fornece, gratuitamente, alguns medicamentos como a metformina como tratamento infindável da doença. Esse medicamento tomado continuadamente causa efeitos colaterais como o emagrecimento decorrente da falta de apetite.

Outro medicamento para o mesmo mal, tendo como base a alogliptina e a pioglitazona é muito mais eficiente, porém não é distribuído à população pelo governo e possui custo elevadíssimo. Usam como argumento de venda apresentar um preço com o dobro ou o triplo daquele que na verdade pretende oferecer ao cliente, para em seguida oferecer descontos fictícios. Outro artifício utilizado é diminuir o número de unidades na embalagem para reduzir o valor de venda.
Portadores de outras doenças crônicas também são agredidos com os valores exorbitantes de medicamentos para os seus males, com diferentes outras artimanhas de venda, onde a finalidade se prende apenas a obtenção de lucro financeiro.

Não à toa que a indústria farmacêutica foi a menos afetada durante a terrível pandemia deste século XXI, com lucros descabidos obtidos nas costas de populações reféns de seus medicamentos ofertados a preços estratosféricos, que em muitas situações se viram diante da triste situação de optar entre uma drágea ou um prato de comida para sobreviver.

Acho que já seja o tempo de se impor regras mais humanas às indústrias farmacêuticas para que se espelhem mais no juramento de Hipócrates e menos na ambição de Midas.

 

 

 

 

 

 

José Narcelio Marques Sousa – engenheiro civil

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