PRA QUE TANTA PRESSA? – 

Não corra muito meu filho
Já ouvia a minha mãe falar
Quando comecei a dar as primeiras pedaladas
Eu só fazia escutar
E muitas vezes voltava com os braços ou pernas raladas
E tome surra as vezes em cima do próprio corte
Pra que tanta pressa se o destino é a própria sorte?

Depois chegou a ansiedade
Queria era logo crescer
Ser grande, entrar numa universidade
Comprar uma moto
Viajar de cidade em cidade
Para mim era uma meta
A minha felicidade
Nem pensava tirar um passaporte
Pra que tanta pressa se o destino é a própria sorte?

Comecei a pensar melhor
Já tava com mulher, filho conta pra pagar
O fim do mês chegava rápido, dava dó
Estica daqui, dali não sobrava pra nada
Ficava pensando, vou sair dessa
Era uma vida regrada
Podia ser no sul, no leste ou no norte
Pra que tanta pressa se o destino é a própria sorte?

Rapidinho chegou o tempo de me aposentar
Meditava todo dia
Pensando como iria ficar
O governo lascando tudo
Dizendo que era minha culpa
O déficit da previdência
Cheguei a ficar com peso
Dentro da consciência
Será que ele quer
Que eu trabalhe até minha morte?
Pra que tanta pressa se o destino é a própria sorte?

 

 

Douglas Magaldi – Historiador e Motociclista do Grupo Roda Presa

 

As opiniões emitidas nos artigos/crônicas são de responsabilidade dos colaboradores

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