O general Abdel Fattah al-Burhan assinou nesse domingo (21) um acordo com Abdallah Hamdok, primeiro-ministro que foi preso em um golpe militar há quase um mês, para restabelecer o processo de transição para um governo civil no Sudão.
Firmado no palácio presidencial, na capital Cartum, o acordo de 14 pontos prevê a libertação dos líderes civis que haviam sido detidos no golpe e o retorno de Hamdok ao cargo de primeiro-ministro.
Mas a população continuou a protestar contra os militares e não aceitou o acordo, que segundo a rede britânica BBC foi fechado com uma arma apontada para a cabeça de Hamdok.
Ao menos uma pessoa morreu nas manifestações.
O golpe de Estado foi liderado pelo próprio al-Burhan, em 25 de outubro. Além da prisão de Hambok e de outros líderes civis, o general fez um pronunciamento oficial na TV estatal e anunciou um estado de emergência em todo o país.
Milhares de pessoas saíram às ruas da capital Cartum e da cidade vizinha de Omdurman para protestar já no dia do golpe, bloqueando vias e incendiando pneus, enquanto forças de segurança usaram gás lacrimogêneo para dispersá-las.
Os protestos continuaram, e os militares ampliaram a repressão, usando munições reais e matando ao menos 40 pessoas em quase um mês.
Apesar do acordo deste domingo, pessoas continuaram a sair em várias cidades do país e mantiveram os protestos. Várias organizações da sociedade civil rejeitaram o pacto e defendem um governo sem militares.
Um jovem de 16 anos morreu após ser baleado na cabeça por forças de segurança em Omdurman, cidade vizinha à capital Cartum, disse o Comitê Central de Médicos Sudaneses em um comunicado.
A multidão se reuniu em frente ao palácio presidencial em Cartum, onde o acordo foi assinado, e as forças de segurança reagiram lançando gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes. Segundo a agência de notícias Reuters, alguns gritavam: “Hamdok vendeu a revolução”.
O primeiro-ministro que voltou ao poder defendeu o acordo e afirmou que ele visa restaurar a transição democrática no país e acabar com o derramamento de sangue.
Terceiro maior país da África em extensão territorial, o Sudão tem uma população similar à da Argentina e um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do mundo.
O país fica entre a África Subsaariana e o Oriente Médio e faz fronteira com sete vizinhos (Egito, Líbia, Chade, República Centro-Africana, Sudão do Sul, Etiópia e Eritreia), além de ter saída para o Mar Vermelho.
Na África, o Sudão só fica atrás da Argélia e da República Democrática do Congo em extensão territorial e tem cerca de 42 milhões de habitantes (a Argentina tem cerca de 45 milhões).
Até a independência do Sudão do Sul, em 2011, o Sudão era o maior país do continente (e também do mundo árabe).
Sua capital é Cartum, onde os rios Nilo Branco e Nilo Azul se encontram e formam o rio Nilo, e a religião predominante do país é o Islã.
O Sudão tem um IDH de 0,510 e, em um ranking com 189 países, está empatado na 170ª posição com o Haiti (o país mais pobre das Américas) e atrás do Afeganistão (169º).
Fonte: G1
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