A Academia Sueca – Svenska Akademien, atualmente presidida pelo escritor Anders Olsson, Secretário Permanente, concedeu neste ano pandêmico de 2020, o Prêmio Nobel de Literatura à escritora Louise Glück, talentosa poetisa norte-americana.
É a primeira mulher poeta, desde 1996, a receber este galardão literário, quando a polonesa Maria Wislawa Anna Szymborska foi premiada há mais de vinte anos, auferindo uma bolsa superior a oito milhões de coroas suecas (925.000 euros), aproximadamente.
O Prêmio Nobel de Literatura – Nobelpriset-, é considerado o mais importante laurel literário do mundo, concedido desde 1901, sob os auspícios da Fundação Nobel, instituída pelo químico Alfred Bernhard Nobel, criador da dinamite e da nitroglicerina.
O Brasil, em seus 500 anos de surgimento como estrutura europeizada somente teve um dirigente culto, voltado à ciência e à cultura, que foi o monarca Dom Pedro II, órfão aos cinco anos, instruído pelo Frei António de Arrábida e por sua aia (Condessa de Belmonte), Dona Mariana de Verna Magalhães Coutinho, sob o condão do zeloso tutor José Bonifácio de Andrada e Silva.
Nunca mais o Brasil teve um dirigente realmente ilustrado, estadista, que, na época do Império, teve a antevisão de conceder a Imperial Ordem da Rosa a Alfred Nobel, verdadeiro potentado mundial, um dos primeiros reis do petróleo, em Baku.
Relembra Arnaldo Niskier, um dos expoentes do ensino brasileiro, que o jovem monarca, em 1.1.1843, numa de suas Falas do Trono, foi imperativo ao afirmar: “Nasci para consagrar-me às letras e às ciências”. Afinal, Dom Pedro II falava o português, o alemão, o inglês, o francês; estudara sânscrito, latim e grego, cursara Humanidades e tivera professores intelectualmente multifacetados.
A Constituição de 1824 já propunha a criação de escolas de primeiras letras em todos os vilarejos da nação com a garantia de ensino gratuito, aspiração jamais alcançada.
A Língua Portuguesa somente teve um detentor de Prêmio Nobel, que foi o português José Saramago, literato de indiscutível valor e nomeada, graças ao empenho político e pessoal do saudoso Primeiro Ministro Mário Soares, hábil dirigente lusitano, estadista de escol, a feitio de Obama com relação a Louise Glück.
Não se trata jamais de apadrinhamento, mas sim de relevância de projeção internacional.
Há anos, ao visitar o amigo Odd Zschiedrich, em Estocolmo, à época administrador da Svenska Akademien, agora Mestre de Cerimônias da Casa Real da Suécia, em memorável “chá das cinco”, reafirmei da importância e oportunidade de o Governo brasileiro voltar-se ao apoio de uma candidatura de um literato nacional à obtenção de um Prêmio Nobel de Literatura.
Naquela ocasião invulgar, a Academia de Letras de Brasília, no exercício de suas plenas prerrogativas, formalizou a indicação do poeta gaúcho Carlos Nejar, Membro Honorário da academia da Capital da República, para obtenção de laurel, sem dúvida uma das mais expressivas figuras da poesia mundial.
Considere-se, mais, ser a esposa do Rei da Suécia, Carlos XVI Gustavo, a Rainha Sílvia Sommerlath, encantadora e culta brasileira.
O processo eletivo acadêmico para a concessão do Prêmio Nobel de Literatura passa, anualmente, pelo crivo dos 18 (dezoito) membros da entidade, após uma pré-seleção do comitê que examina as indicações.
O Brasil não tem um único Prêmio Nobel!
Qual será o porquê?
Quiçá a resposta se encontre nas profundezas ignotas dos meandros político-sociológicos, nos quais o destino repousa nos braços do acaso, sob as vistas das oportunidades que regem o universo dos acontecimentos.
O Tempo é o senhor das ações!
José Carlos Gentilli – Escritor, membro da Academia de Ciências de Lisboa e Presidente Perpétuo da Academia de Letras de Brasília