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Presidente interina da Bolívia e principal oponente admitem que Luis Arce venceu as eleições em 1º turno

O candidato do MAS, Luis Arce (com crachá no pescoço, ao centro), comemorou o resultado da eleição antes mesmo do término da apuração dos votos — Foto: Luis Arce/Twitter/Reprodução

A presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, disse nessa segunda-feira (19) que o candidato de esquerda, Luis Arce, venceu as eleições presidenciais em primeiro turno. Algumas horas depois, o seu principal oponente, Carlos Mesa, também admitiu a derrota.

Arce, candidato do partido de Evo Morales, o MAS, aparece como vencedor em duas pesquisas de boca de urna.

“Ainda não temos a contagem oficial, mas pelos dados que temos acesso, o senhor Arce e o senhor Choquehuanca ganharam a eleição”, escreveu Añez em uma rede social. “Cumprimentos aos ganhadores e peço que governem pensando na Bolívia e na democracia.”

“Faço um agradecimento a todos os bolivianos que votaram no Comunidade Cidadã (CC). Ao povo boliviano pelo seu compromisso democrático. A todos os dirigentes do CC, a nossos aliados. Cabe-nos sermos líderes de oposição. Honraremos a Bolívia”, escreveu, por sua vez, Carlos Mesa.

O resultado oficial do pleito de domingo (18), porém, deve demorar para ser divulgado. Até a última atualização desta reportagem, cerca de 23% das urnas haviam sido apuradas.

Um levantamento da organização Tu Voto Cuenta mostra Arce, do partido MAS, com 53% dos votos, contra 30,8% do ex-presidente Mesa e 14,1% do líder de extrema direita Luis Fernando Camacho. Os demais candidatos aparecem com menos de 2%.

Já a pesquisa do instituto Ciesmori aponta Arce com 52,4%, Mesa com 31,5% e Camacho com 14,1%. No levantamento, os outros candidatos também têm menos de 2% dos votos.

Mesmo sem o resultado oficial, Arce já comemorou a vitória nas eleições. “Muito agradecido pelo apoio e pela confiança do povo boliviano. Recuperamos a democracia e retomaremos a estabilidade e a paz social”, publicou em sua página no Twitter.

Na Argentina, o ex-presidente Evo Morales também usou a rede social para parabenizar o aliado. “Irmãos e irmãs, a vontade do povo prevaleceu. Foi uma vitória contundente”, escreveu.

OEA também admite vitória do MAS

Outro ator importante que admitiu a vitória do MAS foi o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, que desejou sucesso a Arce e disse que “a partir da democracia” ele saberá “forjar um futuro brilhante para seu país”.

A votação deste domingo foi a segunda em um ano. Em 20 de outubro de 2019, Evo concorreu pela quarta vez à presidência e ficou em primeiro (Mesa ficou em segundo). Como teve mais de 40% dos votos, ele foi considerado vencedor.

O resultado inicial da apuração indicava um segundo turno, mas houve interrupções na contagem. Depois de dias de indefinição, o processo foi retomado e Evo saiu como vencedor.

Começaram, então, protestos contra os resultados.

No dia 10 de novembro de 2019, a OEA tornou público um relatório que apontava que as eleições haviam sido fraudadas.

Evo cancelou os resultados e convocou novas eleições imediatamente. Porém, a ação não foi suficiente: pressionado por militares, ele renunciou e, em seguida, fugiu do país. Inicialmente, ele foi para o México e, depois, se exilou na Argentina.

Posteriormente, estudos de grupos de pesquisas dos EUA colocaram em dúvida a alegação da OEA de que as eleições de 2019 foram fraudadas.

Apuração demorada

O resultado pode levar mais de um dia para ser conhecido, pois o Tribunal Superior Eleitoral decidiu eliminar o sistema de apuração preliminar, como mostra o vídeo acima, e manter apenas a contagem individual, muito mais lenta.

Na eleição de 2019, foi justamente a adoção dos dois sistemas paralelos que causou confusão, quando números do sistema de Transmissão de Resultados Eleitorais Preliminares, batizado de Trep, começaram a diferir da contagem individual de votos.

A votação deste domingo transcorreu em clima pacífico, e foi encerrada sem problemas às 17 horas (18 horas em Brasília).

Os eleitores votaram para escolher quem vai substituir Jeanine Añez, a presidente interina que assumiu em novembro de 2019, após a anulação da votação daquele ano e os distúrbios que levaram Evo Morales a renunciar.

A eleição pode ser decidida já no primeiro turno se um dos candidatos tiver a maioria simples ou, então, pelo menos 40% dos votos válidos e mais de dez pontos percentuais a mais que o segundo colocado. Se ninguém conseguir esse resultado, um segundo turno está marcado para o dia 29 de novembro.

Para evitar os problemas do ano passado, grupos ligados a fundações e universidades observaram os locais de votação, segundo Juan Carlos Nunes, da Fundación Jubileo, uma fundação católica de incentivo à democracia no país.

Fonte: G1

Ponto de Vista

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