A odontologia infantil preconiza, geralmente, visitas regulares ao dentista (preferencialmente de 6 em 6 meses), sendo ideal a primeira assim que nasçam os primeiros dentinhos, em torno dos 6 meses de vida. Nessas visitas, são dadas orientações de escovação, quantidade ideal do creme dental, tamanho da escova de dente, importância do creme dental com flúor, uso correto da chupeta, além de tirar as dúvidas das mamães, principalmente quando se trata do primeiro filho.
Na oncologia infantil, essa prevenção deve ser mais rigorosa, devido aos efeitos colaterais do tratamento, devendo assim ser diminuído o espaço de tempo para 3 em 3 meses. O tratamento oncológico infantil mais utilizado é a quimioterapia, a radioterapia, em casos de tumores do sistema nervoso central e cerebral, a cirurgia e o transplante de medula óssea. Essas modalidades de tratamento podem ser isoladas ou associadas.
A quimioterapia é um tratamento em que é introduzido na circulação sanguínea quimioterápicos para combater o câncer, geralmente por via intravenosa (pela veia), mas também com a possibilidade de ser por outras formas de administração. É um tratamento que não é seletivo e, com isso, traz vários efeitos colaterais.
Um dos primeiros locais a ser atingido por esses efeitos é a boca. A mucosite oral (inflamação da mucosa) é o principal efeito colateral, que pode ser amenizado se o paciente estiver com a boca saudável, ou seja, livre de cáries, tártaro e dentes fraturados. Outro efeito colateral são os enjoos, fazendo com que o paciente negligencie sua escovação dentária, além de dar preferência por uma alimentação pastosa, que adere nos dentes, facilitando o aparecimento de cárie.
Os pacientes que se submeterão a radioterapia devem previamente passar pelo dentista para realizar todas as exodontias para prevenir osteorradionecrose (falta de cicatrização óssea) e osteonecrose (lesão que pode acometer o osso da maxila ou da mandíbula). Os pacientes que fazem radioterapia têm maior probabilidade de terem cárie de radiação, de aparecimento rápido e de alta destruição.
Daí a importância da prevenção odontológica nos pacientes com câncer, pois, além do que já foi comentado, a doença pode voltar, sendo importante que os dentes estejam saudáveis para iniciar outro protocolo de quimioterapia, o qual geralmente é mais agressivo que o primeiro.
No serviço odontológico da Casa Durval Paiva, recebemos pacientes de 0 a 18 anos. Assim que chegam na instituição, as famílias são orientadas sobre os cuidados com a boca e os possíveis efeitos colaterais decorrentes do tratamento a que vão submeter-se. É realizado junto a equipe médica todo o planejamento odontológico e são dadas orientações quanto aos retornos, que devem acontecer de 3 em 3 meses.
Mensalmente, acontece na instituição o projeto “Educação e Sorriso” tanto na classe domiciliar quanto na classe hospitalar, em que é trabalhado junto aos pacientes, de forma lúdica, a promoção da saúde bucal para que estes possam ter melhores condições de saúde durante o tratamento, amenizando os efeitos colaterais e passando a ser multiplicadores de saúde em sua comunidade.
Simone Norat Campos – Dentista da Casa Durval Paiva – CRO/RN 1784