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Primeiro bacharel em eufônio formado na UFRN faz vaquinha para conseguir cursar mestrado na Suíça

O eufônio, popularmente conhecido como bombardino, é um instrumento de sopro pouco estudado no Brasil, apesar de muito tocado, principalmente em orquestras filarmônicas. Na UFRN foi formado o primeiro bacharel em eufônio graduado por uma instituição pública brasileira. Ele foi aprovado para um mestrado na Suíça e agora precisa de dinheiro para seguir realizando seu sonho, que começou ainda lá na cidade de Cabo de Santo Agostinho (PE), onde nasceu. Para arrecadar fundos, está fazendo uma vaquinha na internet.

Caio César da Silva tem 23 anos e ganhou bolsa integral na Hochschule der Künste Bern, com Thomas Rüedi, um dos mais renomados eufonistas do mundo. No entanto, para conseguir o visto de estudante, precisa comprovar que tem como se manter. Isso porque ele não vai poder solicitar permissão para trabalhar durante o primeiro ano que estiver na Suíça.

O músico conta que é necessário comprovar que tem à disposição 18 mil francos suíços, o que equivale, aproximadamente, a R$ 70 mil. Além da vaquinha online, Caio César também vem promovendo concertos e reverte o dinheiro para a sua causa.

Primeiro bacharel em eufônio formado em terras brasileiras em uma instituição pública, Caio César da Silva também conseguiu o 1º lugar no Concurso Nacional de Eufônio promovido pela Associação de Eufônios e Tubas do Brasil (ETB) e o 1º lugar no Concurso Jovens Solistas da Filarmônica UFRN.

“Caio é o tipo de aluno que você não precisa se preocupar. Ele rende dobrado. Toda aula ele trazia o dobro do que eu pedia. Ele é muito independente, produz os próprios arranjos, além de tocar muito bem”, elogia o professor Fernando Deddos, orientador direto de Caio César, doutor pela Universidade da Geórgia e referência no estudo do eufônio no Brasil.

Iniciou em banca marcial

Caio César foi criado pelos bisavós em Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana da capital pernambucana, onde nasceu e depois foi abandonado pelos pais. Por lá, a família tinha uma banda marcial, o primeiro contato dele com a música. Caio aprendeu a tocar alto horn, instrumento de sopro.

Mas lhe chamava a curiosidade um outro instrumento, que ficava guardado em casa e não despertava o interesse de ninguém. Era o eufônio. Os primeiros sopros saíram com a ajuda de um primo, ainda muito timidamente.

Quando tinha 10 anos, os bisavós morreram e o menino foi morar com uma irmã da avó. O garoto cresceu e conseguiu entrar no curso de Química da Universidade Federal Rural de Pernambuco, que fica em Recife. Sem dinheiro para custear as passagens para ir e voltar todos os dias à capital, abandonou a graduação. “Eu não sabia dos programas sociais e acabei perdendo”, relata.

Voltou a se envolver com o eufônio e passou para Música na Universidade Federal de Pernambuco. Ficou dois anos na UFPE, se mantendo como músico na Banda Sinfônica do Recife. Foi quando, em 2016, Fernando Deddos foi contratado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. “Sabia que era o professor com quem eu podia estudar eufônio. Então eu vim para Natal e fiz o processo todo de novo. Fiz o Enem e entrei no curso”, conta Caio.

Tornou-se bacharel em dois anos e meio, adiantado. A universidade exige que os alunos façam, pelo menos, três recitais durante o curso. Caio César afirma que fez uma média de seis por semestre. Participou de concurso internacionais e usava as salas da Escola de Música fora do horário, para estudar. Em Natal, se mantém com consertos e também como bolsista em programas de extensão.

Caio César da Silva agora corre contra o tempo. Até o dia 2 de julho precisa dar entrada no visto de estudante e, para isso, é necessário que comprove a renda. Caso não consiga, além de deixar de cursar o mestrado na Suíça, ainda terá que pagar uma multa de 950 francos, o que equivale a quase R$ 4 mil.

Recitais

Para arrecadar mais fundos, Caio César também fará recitais. O primeiro será na terça-feira (4), às 20h, no NStudioRN, na companhia do professor pianista Durval Cesetti, que também está ajudando o aluno a conseguir o montante para a viagem.

O segundo recital vai ser no Auditório Onofre Lopes da Escola de Música da UFRN na quinta-feira, dia 13 de junho, às 19h30. A apresentação terá participação do professor Durval Cesetti, do professor Fernando Deddos e do tenor Kaior Morais, do Instituto Waldemar de Almeida. Ingressos custam R$ 20 e estão disponíveis na Coordenação de Eventos da Escola de Música da UFRN, e serão vendidos também na entrada do auditório no dia do recital.

Fonte: G1RN

Ponto de Vista

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