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Primeiro turno argentino: Massa inflou, e Milei desidratou

Entre as surpresas reveladas pelas urnas argentinas, pode-se concluir que, contrariando as expectativas fornecidas pelas pesquisas, o peronista Sergio Massa inflou e o ultradireitista Javier Milei desidratou.

O cenário para o próximo round, no dia 19 de novembro, permanece incerto e vai depender de quem conseguir pescar mais eleitores nas águas turbulentas da coligação Juntos pela Mudança, o grande fracasso deste primeiro turno.

Seis pontos atrás de Massa, o candidato de extrema direita praticamente se jogou nos braços da casta política, que ele diz abominar, num sinal de que não é tão libertário quanto se gaba: “Todos nós que queremos mudanças teremos que trabalhar juntos.” A candidata derrotada Patricia Bullrich retribuiu o aceno de Milei. “Nunca seremos cúmplices do peronismo”.

Isso não significa que os 23,8% dos votos obtidos por Bullrich migrarão automaticamente para o ultradireitista, embora, na teoria, juntos tenham mais de 50% eleitores supostamente contrários ao peronismo. A coligação liderada pelo ex-presidente Mauricio Macri se mostrou fragmentada e pontuada por divisões internas. Há espaço ali para Massa explorar.

O atual ministro da Economia, que obteve 36.7% dos votos, tem boas chances de arregimentar a ala moderada ligada ao prefeito de Buenos Aires, Horácio Rodríguez Larreta, que nas primárias disputou a candidatura com Bullrich.

Trata-se de um nicho de eleitores que estaria disposto a embarcar na campanha do medo de um governo de extrema direita, favorável ao retorno à ditadura e ao fim da educação pública, propagada pelo candidato peronista em relação a Milei.

O desempenho de Massa, com 1,5 milhão de votos a mais em relação às primárias de agosto, pode ser classificado como um milagre, conforme considerou o editor-adjunto do “Clarín”. Neutralizou os efeitos negativos da inflação de 140% ao ano, do dólar paralelo estratosférico, em torno de 1.000 pesos, e do governo desgastado de Alberto Fernández.

Quanto a Milei, o segundo lugar nas urnas teve sabor mais do que amargo. A plataforma repleta de medidas drásticas e controversas angariou 760 mil votos a mais do que o obtido nas primárias e manteve o candidato no mesmo patamar.

Seu discurso antissistema e negacionista não arregimentou o eleitorado, como era previsto pelas pesquisas.

Em contrapartida, sua frente A Liberdade Avança saltou de 3 para 39 deputados na Câmara e arregimentou oito cadeiras no Senado, passando a ser a terceira força política. Os peronistas ganharam o maior número de assentos nas duas casas do Congresso, sem obter a maioria.

Ou seja, a extrema direita já conseguiu modificar o cenário político da Argentina.

Fonte: G1

Ponto de Vista

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