Francimar Azevedo acorda todos os dias muito cedo. A rotina é a mesma todos os dias: começa tirando o leite das quatros vacas que cria num cercado que fica na comunidade da Barra da Espingarda, na cidade de Caicó, região do Seridó potiguar. Por dia, tira em média 30 litros de leite. A produção ainda é pequena, mas deve aumentar nos próximos anos. “O inverno foi maior aqui na nossa região do Seridó, teve canto que choveu 700 mm, e isso alavancou mais a produtividade”, falou ele, que é mais conhecido como “Mazinho”.
Dados divulgados pelo anuário do leite da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) referentes a 2020 mostram que houve um aumento de 11,54% na produção de leite no Rio Grande do Norte nos últimos oito anos. Em 2011, antes do início do período de seca, a produção foi de 69 milhões de litros. Já no ano passado, a produção atingiu 77 milhões.
As chuvas do inverno deste ano também ajudaram Mazinho e outros produtores do estado a complementarem a alimentação das vacas diminuindo os custos, com a produção de volumoso, como sorgo, milho e capim elefante. Com mais comida, mais produção de leite.
Segundo a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (Emparn), até o mês de setembro foram 771,8 m de chuva na cidade de Caicó – a chuva foi acima da média em toda região Seridó.
“Quanto menor o custo para a produção do volumoso, ele também vai armazenar esse volumoso no decorrer do ano e vai diminuir os custos da produção de leite, que também vai agregar com o uso dos concentrados. Quando se coloca tudo isso numa conta, tem uma baixa na produção do custo do litro de leite, o que faz com que ele tenha um maior rentabilidade”, explicou o gerente do Sebrae Caicó Pedro Medeiros.
“O aumento tem acontecido, os produtores têm inserido na sua atividade leiteira algumas técnicas de convivência com a seca. Isso tem melhorado a produtividade do rebanho, como também a genética do rebanho. Depois de sete anos de estiagem, os produtores têm observado isso. Eles têm percebido que o melhoramento genético é uma dessas alternativas para poder melhorar a eficiência do rebanho”.
O leite que Mazinho tira todos os dias pela manhã vai direto para a produção de queijo em uma queijeira artesanal que ele tem. A esposa, Maria Santana, e a filha, Larissa Kelly, ajudam na fabricação do queijo de coalho. Por dia, são fabricados cerca de 13 kg, o que exige uma boa quantidade e qualidade do leite. Por causa da pandemia e da grande produção, alguns criadores não tinham a quem vender o leite, o que fez Mazinho comprar a produção para fabricar mais queijo. São cerca de 100 litros diários adquiridos de pequenos produtores da região.
“O leite de qualidade é essencial para se produzir um produto nobre que nós temos aqui na região do Seridó, que é o queijo. Então tem todo esse cuidado nos manejos sanitários, no manejo com a ordenha que são feitos pelos produtores e precisam chegar na unidade de beneficiamento de leite, no laticínio, nas queijeiras, para que seja feito um produto de qualidade com a tradição secular aqui na região. E isso também vem passando por um momento de transformação e adequação para que se possa ganhar o mercado estadual e nacional dos queijos produzidos aqui e melhorar a vida do homem que produz diariamente aqui na região”, falou o gerente Pedro Medeiros.
A bacia leiteira do Seridó Potiguar é a mais importante do estado. A maior parte do leite produzido, vai para a fabricação de queijos e derivados.
Fonte: G1RN