Francisco de Paula Segundo
O estado do Rio Grande do Norte, até pouco tempo atrás, ocupava o primeiro lugar na produção de frutas tropicais no Brasil, tendo como seu carro chefe o MELÃO que, através de qualidade impar, chegou a transpor as barreiras nacionais chegando à mesa dos europeus e de outras regiões com qualidade que só mesmo o rei sol pode explicar.
Mas, não foi fácil assim chegar tão longe, muitas águas passaram por baixo da ponte e muitos reais foram gastos por empresários visionários que acreditaram no potencial indiscutível da produção de frutas tropicais produzida no torrão de nossas terras.
Fazendo esse relato não poderíamos deixar de falar do Dr. José Nilson de Sá, potiguar da gema, empresário da melhor qualidade que, junto com outro grande empresário cearense, o Dr. Geraldo Rola, investiram e acreditaram que o sol, tão abundante por essas bandas, não era assim tão inimigo do agricultor como até então se achava.
E num impulso de coragem investiram sem precedentes na produção de melão na fazenda Maisa, no município de Mossoró, na década de 60, aproveitando as águas termais que brotavam sem cessar do arenito açu, de uma profundidade em torno de 1000 metros, com temperatura da água beirando os 55ºC.
Para nós, produtores rurais da zona oeste, nos parecia surreal toda essa história de produzir melão por aqui. Chorávamos sem cerimônias ao se aproximar o período chuvoso que era esperado com tanta expectativa, e o que víamos era um sol causticante que prenunciava seca novamente.
Nesse cenário as indagações fluíam sem cessar: Esses “cabras” da Maisa são doidos, não estão vendo que melão é fruta de produção espanhola, que nem o sudeste brasileiro, com suas terras rochas, tinham a ousadia de plantar?
Mas o empresário potiguar, o Dr. José Nilson, bravo como poucos, acreditou, investiu, insistiu, e manteve uma produção a todo custo de melão até encontrar a qualidade que seria degustada pelo exigente povo europeu.
Imaginem quantos percalços tiveram que transpor para chegar a essa conclusão, que deixarei para os poucos que me leem fazerem suas próprias indagações, porém, posso afirmar com conhecimento de causa (em outra oportunidade poderei descrever como tudo começou), que foram momentos muito difíceis. E tudo isso foi legado para que o nosso estado se firmasse como grande produtor de frutas tropicais.
Além do mais, alcançar um contingente de trabalhadores rurais, numa região onde trabalho mercadoria quase impossível de se encontrar, e chegar a ultrapassar a casa dos 15.000 empregos diretos, era algo também inimaginável de se alcançar, todos labutando na produção das maravilhosas frutas.
Eu não tenho a menor dúvida, as transformações obtidas pela Maisa no semiárido nordestino tomando o sol como grande aliado do agricultor e o uso controlado de água (gotejamento) em aproveitamento sustentado na produção de frutas, foi o marco número 1 para o início da produção de frutas tropicais no nordeste do Brasil.
Francisco de Paula Segundo – Empresário, Advogado, ex- Secretario de Desenvolvimento do RN