Na propriedade de Francisco de França, na zona rural de Apodi, Região Oeste potiguar, a coloração esverdeada do sorgo plantado nos 60 hectares ganhou tons de vermelho, depois que toda a plantação foi atingida pela praga do pulgão. O inseto atinge diretamente as folhas modificando a coloração natural.
Esta é a primeira vez que a praga atinge as plantações de sorgo do produtor. “Eu sempre plantei sorgo, mas nunca vi isso acontecendo”, afirmou.
Francisco começou a perceber a praga depois que a chuva parou na região. “Eu plantei esse sorgo em fevereiro, já nas primeiras chuvas. Aí veio um veranico e o pulgão apareceu”, disse o agricultor se referindo ao período de estiagem dentro do período chuvoso.
Henrique Moreira também passou pelo mesmo problema. A plantação dele, também na região da Chapada do Apodi foi atingida pela praga do pulgão. A área de 130 hectares foi toda plantada com o sorgo no mês de março.
Com o aparecimento da praga em outras propriedades, o produtor ganhou uma ajuda para combater de forma mais eficaz e tentar salvar as plantas.
“Na minha plantação não apareceu tanto porque eu comecei a plantar em março, então deu tempo usar defensivo agrícola para o pulgão não pegar tudo, mesmo assim muitas plantas estão com o pulgão”, afirmou o agricultor.
A maior parte das plantações de sorgo da Chapada do Apodi é voltada para a produção de silagem. O sorgo armazenado é utilizado pelos agricultores para manter os bichos nas propriedades. Mas o principal objetivo é a venda para criadores de rebanhos bovinos, caprinos e ovinos.
Além da região de Apodi, a praga também apareceu em municípios do Seridó, como em Florânia.
“O pulgão é muito comum nas lavouras de cana-de-açúcar, mas também pode atingir outras culturas como o milho e o sorgo, como estamos vendo agora aqui no RN. Um dos principais motivos é a falta de chuva, que contribui com a proliferação da praga”, explica o agrônomo Silva Neto, convidado pelos produtores para acompanhar o desenvolvimento do pulgão nas lavouras na Chapada do Apodi.
Segundo o agrônomo, a silagem feita a partir do sorgo atingido pela praga pode servir de alimento para os bichos normalmente. “Os produtores podem ficar tranquilos. A praga não afeta a qualidade nutricional da silagem. O problema é só o rendimento da silagem que deve diminuir”, alerta.
Por causa da praga, muitos produtores estão decidindo colher o sorgo antes do tempo ideal. O objetivo é evitar mais prejuízos nas plantações. Mesmo assim, a expectativa é de redução na produção da silagem.
No ano passado, a Chapada do Apodi produziu cerca de 1,3 milhão de quilos de silagem. Em 2021, a redução deve ser de 40%. O quilo normalmente vendido a R$ 0,10 deve dobrar de preço. Além das perdas, outros fatores também devem contribuir para a alta do produto.
“Com menos silagem, o preço deve subir. Esse ano tudo aumentou, principalmente o diesel para os tratores, além de outros insumos para o preparo da silagem. Isso também contribui e muito para o aumento do quilo”, afirmou o produtor Raimundo Soares que vende toda produção de silagem para criadores espalhados pela Região Oeste.
Fonte: G1RN