A produção industrial encolheu 1,5% em julho frente a junho, informou o IBGE nesta quarta-feira. O resultado fica muito acima do previsto por analistas, cujas projeções variavam entre 0,1% e 0,2%. Foi a maior retração para meses de julho desde 2013, quando o setor caiu 3,6%. Considerando qualquer mês, foi o pior desempenho desde dezembro de 2014 (-1,8%).
Em relação ao mesmo mês de 2014, o setor caiu 8,9%, a décima sétima taxa negativa seguida na comparação com julho do ano passado, o que representa desempenho negativo há quase um ano e meio. No ano até julho, a queda é de 6,6%. Já no acumulado de 12 meses, a indústria tem retração de 5,3%.
Com relação ao mês anterior, é a segunda variação negativa consecutiva, acumulando recuo de 2,4% nesse período. Em junho, a produção industrial havia caído 0,3%, após leve recuperação em maio, com alta de 0,6% frente a abril. Na ocasião, analistas destacaram, no entanto, que o número positivo não alterava o cenário de recessão pelo qual passa o setor.
Três entre as quatro categorias analisadas no setor industrial apresentaram resultado negativo frente a junho deste ano. A redução mais acentuada foi 3,4% dos bens de consumo semi e não duráveis, que engloba alimentos e vestuários, eliminando a expansão de 3,1% acumulada em maio e junho.
A produção de bens de capital e de bens intermediários caiu 1,9% e 2,1%, respectivamente, o que representa para ambos o sexto mês seguido de queda e acúmulo de perda de 17,7% e 4,4%.
A única categoria que obteve resultado positivo foi bens de consumo durável (9,6%), após acumular perda de 25,2% entre outubro de 2014 e junho de 2015.
Entre os 24 ramos pesquisados, 14 registraram variação negativa frente a junho. A principal retração foi de produtos alimentícios (-6,2%) ante crescimento de 4,3% em junho. A produção de bebidas (-6,2%), de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,7%) e a indústria extrativa (-1,5%) também colaboraram para o resultado negativo.
Além deles, o setor de produtos de madeira (-7,6%), de borracha e plástico (-2,2%) e produtos diversos (-5,5%) também registraram taxas negativas expressivas.
Nos dez ramos que cresceram no mês de referência, o melhor desempenho foi registrado por máquinas e equipamentos (6,5%) – um indicador do nível de investimento no país -, após cinco meses seguidos de taxas negativas que representam perdas de 11,9% no período.
Outros impactos positivos foram registrados no setor de veículos automotores (1,4%), que cresce após acumular queda de 24,4% entre outubro de 2014 e junho de 2015, e equipamentos de informática e produtos eletrônicos (3,2%), o primeiro resultado positivo desde janeiro deste ano, o que representa perda acumulada de 28,2%.
O resultado ruim para a indústria já tem sido observado em outras pesquisas do IBGE. Na última sexta-feira, o instituto anunciou a retração de 1,9% do PIB no segundo trimestre de 2015. Segundo os dados, a indústria contraiu 4,3% em relação ao primeiro trimestre, a pior desde o primeiro trimestre de 2009, quando encolheu 5,9%.
O número foi influenciado fortemente pelas quedas de 8,4% do segmento da construção civil e 3,7% da indústria de transformação. A atividade de eletricidade e gás, água e limpeza urbana caiu 1,5%. Apenas a indústria extrativa teve desempenho positivo, com alta de 0,3% no período.
Na comparação com o segundo trimestre de 2014, o setor industrial registrou variação negativa de 5,2%. Nesta relação, a indústria da transformação e a construção civil responderam por quedas de 8,3% e 8,2%, respectivamente. Já a produção de energia e distribuição de eletricidade, gás e água caiu: 4,7%, recuo puxado pelo redução do consumo de energia, tanto residencial como não-residencial, e o uso mais intensivo das usinas termelétricas, cujo preço mais alto impacta negativamente no PIB.
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