Produtores de queijos artesanais de quatro cidades do Sul de Minas comemoram a conquista de medalhas em um concurso mundial realizado na França. Das mais de 300 medalhas do concurso, 40 foram conquistadas por produtores mineiros. Onze delas ficaram com produtores do Sul de Minas.
Foram premiados queijos artesanais produzidos em Cruzília, Alagoa, Carrancas e Delfinópolis. Das 11 medalhas conquistadas, quatro foram de prata, quatro de bronze, uma de ouro e uma super ouro, conquistada pelo “Queijo Santo Casamenteiro”, produzido em Cruzília.
Premiado com a medalha Super Ouro, a maior do concurso, o Santo Casamenteiro tem a fama de levar ao altar as moças que preparam ou provam a iguaria e já foi premiado anteriormente em concursos internacionais. Similar a um bolo de casamento, leva em sua receita a base do Queijo Azul de Minas Cruzília, e cada unidade é decorada uma a uma, em um processo manual que tem como toque final um recheio equilibrado com damasco, nozes e cream cheese.
“Para nosso time, está sendo como ganhar uma Copa do Mundo, porque estamos posicionados entre os melhores queijos de todo o globo e seguimos sendo a queijaria nacional mais agraciada internacionalmente”, disse via assessoria de imprensa Edson Martins, COO da UltraCheese, proprietária da marca.
Já o queijo A Lenda, que ganhou medalha de ouro, originou de um frasco de fermento encontrado dentro de um cofre em 2009, numa antiga fábrica adquirida pela Cruzília, envolto por um pergaminho dinamarquês que continha a receita de um queijo. Ele evoluiu com a ajuda dos mestres queijeiros da marca e chegou ao produto conhecido atualmente, um queijo de sabor marcante e textura única, levemente adocicado, com casca firme e interior deliciosamente macio.
Já os queijos Manto da Serra e Serra da Mantiqueira, que receberam Prata e bronze respectivamente, ainda não foram lançados oficialmente no mercado. Os dois têm como objetivo reforçar as características do terroir da Serra da Mantiqueira, onde são produzidos.
Uma das cidades mais tradicionais na fabricação do queijo artesanal no Sul de Minas, Alagoa foi premiada com cinco medalhas no concurso realizado na França. Ao todo, os produtores da cidade conquistaram uma medalha de ouro, três de prata e uma de bronze.
O Queijo d´Alagoa, representado pelo empresário Osvaldo Martins de Barros Filho, ganhou duas medalhas de prata com os queijos artesanais Fumacê e o Araucária.
“Em 2017 a Queijo D’Alagoa-MG foi além das montanhas mineiras, rompeu as fronteiras e recebeu o primeiro prêmio internacional. Em 2019 pela segunda vez (medalha de prata com o Queijo Alagoa Pequena) e agora em 2021 pela terceira vez recebe um prêmio na França: duas medalhas de Prata”, disse Osvaldo.
O Queijo Alagoa Fumacê é produzido pelos produtores Márcio Martins de Barros e sua esposa, Dirce Martins de Barros, que é mestre queijeira. O queijo é defumado e maturado por 30 dias.
Já o Queijo Araucária é produzido pelo produtor Batista Dias Pinto, o ‘seo’ Batistinha. O queijo é envolto com uma espécie de caldo de pinhão e depois maturado por 30 dias. Esse queijo agora só vai estar disponível em 2022 por ser um queijo de lote restrito. Conforme Osvaldo, a cada queijo, uma araucária é plantada, já que a espécie está em extinção.
Os prêmios fazem com que os produtores da região procurem cursos para se especializarem ainda mais.
“Para me especializar ainda mais em afinação de queijo estou fazendo um curso de maturação na Mons Formation, uma instituição especialista em treinar e capacitar Maturadores de queijo”, contou Osvaldo ao Portal G1.
O Brasil conquistou 57 medalhas no concurso mundial de queijos na França. Com o quadro, o país ficou atrás apenas dos franceses em quantidade de medalhas.
O Mondial du Fromage et des Produits Laitiers de Tours é organizado pela Guilde Internationale des Fromagers e acontece de 12 a 14 de setembro. O evento, que está em sua 5° edição, promove premiações, palestras e encontros de profissionais do setor.
Ao todo, 900 queijos de 46 países competiram pelas 331 medalhas. Com as 57 vitórias, o Brasil levou quase 20% dos prêmios.
Os produtos brasileiros foram enviados ao exterior com a organização da SerTãoBras, uma associação voltada para trabalhadores rurais. Segundo a instituição, concorreram 183 queijos de Minas Gerais, São Paulo, Pará, Goiás, Mato Grosso do Sul e Paraná.
“A intenção da SertãoBras em levar esse queijo para esse concurso é qualificar a qualidade de produção que a gente tem e fazer com que os brasileiros entendam que o nosso produto é tão bom quanto o importado e que a gente está tendo uma criatividade muito grande na nossa produção, tanto que consegue chegar em um concurso mundial como esse e receber entre todos esses que participaram, com mais de 900 queijos, receber 57 medalhas, isso valoriza a nossa produção, incentivar o bom consumo do brasileiro, que as pessoas entendam que os nossos produtos também têm um valor agregado muito alto”, disse Flávia Rogoski, diretora administrativa da SertãoBrás.
Segundo a representante da associação, esse tipo de premiação faz com que toda a cadeia produtiva do queijo artesanal possa melhorar.
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