Professores utilizam plataformas digitais para continuar ensinando durante a pandemia da Covid-19 no RN — Foto: Cedida
Professores utilizam plataformas digitais para continuar ensinando durante a pandemia da Covid-19 no RN — Foto: Cedida

Os professores precisaram se adaptar para novos modelos de ensino durante o isolamento social praticado em meio à pandemia da Covid-19. Pela internet, eles estão têm que garantir o aprendizado dos alunos e fazer com que esses estudantes mantenham o interesse no conteúdo.

O professor Olavo Vitorino, que dá aulas de Geografia no Maple Bear Natal, conta que sempre imaginou um cenário em que as atividades remotas complementassem de maneira efetiva o contexto escolar na educação básica. Mas nunca pensou que isso fosse acontecer “de maneira tão inesperada”.

“Mergulhamos de cabeça e a inserção foi abrupta. Diante disso, tive que estudar mais, investir em alguns equipamentos, apesar de já possuir um suporte grande, e, sem dúvidas, colocar em prática tudo aquilo que eu sempre acreditei. Para isso, contamos com um suporte diferenciado da Maple Bear Learning Comunity, a ferramenta de ensino virtual, que propiciou muitos esclarecimentos e nos ajudou nesse processo”, diz Olavo, que é especialista em Tecnologias Educacionais pela UFRN.

A mudança de rotina também se transformou em mais horas de dedicação. “Nossa carga de preparação e planejamento aumentou consideravelmente. Minha rotina ficou mais pesada, pois eu tenho que editar mais material, tenho que buscar novas ferramentas para diversificar a abordagem e, ainda assim, dar conta das demandas diárias que sofreram adaptações diante de tudo”, conta.

A professora Viltany Freitas, que ensina História na Escola Estadual Stela Wanderley, em Neópolis, Zona Sul de Natal, também está atuando à distância. A instituição em que trabalha aderiu ao ensinoremoto durante a pandemia da Covid-19.

“Eu tive experiência com o ensino à distância há três anos: entre 2017 e 2019 eu fui tutora do curso de graduação em História, à distância. Então, a dificuldade que encontrei foi apenas de aprender a utilizar o Google Sala de Aula, uma plataforma usada como sala de aula virtual. Começamos a experimentar o uso dela com as aulas para o nono ano. E estou muito feliz em realizar o trabalho”, diz.

No caso de Olavo Vitorino Viltany Freitas, ele já tinha aptidão e alguma familiaridade com as novas formas de ensino. Porém a pandemia também impactou na maneira de ensinar dos professores acostumados com os modelos tradicionais.

A professora Rossânia Ribeiro, por exemplo, que dá aulas de Português, História e Geografia para estudantes do quatro e do quinto ano do ensino fundamental, se descreve como uma “professora educadora”. Nas palavras dela, o “professor educador” é aquele que se preocupa se o aluno de fato aprendeu, que está mais próximo dessa criança para compreender o que não ficou claro e até para ajudar em questões emocionais.

Para esse profissional, o contato direto e diário é fundamental. E o isolamento social mudou isso, provocando a necessidade de refazer os conceitos e proporcionar novos aprendizados.

“Saímos da nossa zona de conforto e fomos em busca de novas ferramentas, de novas tecnologias para atender ao nosso público e contribuir com a aprendizagem dos alunos de forma significativa, aproximando-se do modelo presencial o máximo possível. Se antes o planejamento de uma aula demorava em média uma hora, hoje demora em média quatro horas porque a gente tem que preparar sites, links, preparar mais atividades. Eu acredito que tem sido um momento de muito aprendizado, de muita riqueza de conhecimento. Tanto para nós, como para os alunos e para os pais”, relata Rossânia.

Distância dos alunos

A distância física dos estudantes é uma barreira a ser enfrentada pelos professores nesses quase dois meses de suspensão das aulas e de contato apenas pela internet. “O que eu sinto falta das aulas presenciais é esse contato humano. De estar mais próximo do meu aluno, de poder auxiliar, de poder conversar com ele diariamente, de poder entender os seus conflitos, suas angústias, de poder olhar no olho, sentir carinho, passar carinho, calor humano. Disso eu sinto muita falta”, conta Rossânia.

“Por outro lado, é uma experiência importante, em que a gente consegue manter, mesmo que de forma virtual, o respeito, o carinho, a vontade de aprender, o desejo de querer fazer diferente”, completa.

A ausência de socialização também foi apontada pelo professor de Matemática do ensino fundamental, Alex Alvarez, como algo que ele sente muita falta. Para Alex, esse contato mais próximo é parte integrante do processo de aprendizagem, apesar das novas tecnologias estarem mais presentes na vida dos estudantes. “Estamos em uma geração em que as crianças têm contato com os mais variados tipos de tecnologia. Sendo assim, eles têm participado muito bem de todas as aulas, usando os recursos disponíveis”, explica.

Desafio de trabalhar em casa

Além de lidar com a distância do ambiente escolar e com o uso de novas ferramentas de educação, os professores também são desafiados a manter uma rotina de trabalho e concentração dentro de casa, dividindo as tarefas profissionais com os afazeres do lar e a atenção à família.

“Eu organizo meu tempo em casa. Começo a trabalhar às 9h e paro às 12h para almoçar. Às 14h volto a trabalhar e paro às 18h. Realizar um trabalho de educação à distância requer muita disciplina. Gastamos muito tempo para preparar material e corrigir atividades, dando o feedback para os alunos. Mas é um trabalho prazeroso”, detalha Viltany Freitas.

O professor Olavo Vitorino tem uma preocupação a mais. Mora com a mãe e com o irmão que fazem parte do grupo de risco para a Covid-19. “O nosso protocolo é bem rígido. Temos muito receio da condição de nossa mãe, por isso todas as demandas dela foram transferidas para mim e uma outra irmã que não mora conosco. Não podemos expô-la a esse risco, por isso adotamos os procedimentos de higiene, de acordo com todas as instruções”.

Tarefa difícil também é cuidar dos filhos quando é necessário dividir a atenção deles com o trabalho. O professor Alex tem dois filhos, um de 13 anos e outro de 2 anos. Ambos têm aulas remotas e contam com a ajuda do pai nas tarefas da escola. Para Alex, o mais complicado é manter um ambiente tranquilo para exercer o trabalho.

“Tem sido bem desafiador, pois não se consegue ter um ambiente totalmente silencioso em casa. Sempre tem algo que possa se transformar em uma distração e quebrar o clima de sala de aula. Principalmente quando se tem filhos pequenos. O mais novo às vezes quer brincar e ter mais atenção, já que estamos todos em casa o tempo todo”, relata.

Apesar das dificuldades, os professores veem que a situação também pode ser um momento para aprender e levar a experiência para a sala de aula depois da pandemia. “Estamos aprendendo a usar e a aplicar uma nova ferramenta de aprendizagem. Pretendo continuar utilizando a plataforma Google Sala de Aula quando retornarem as aulas presenciais”, adianta Viltaly.

“A lição que eu tiro é que essa pandemia veio para mostrar para gente valores que a sociedade tinha esquecido com o passar do tempo. Olhar mais para o outro, olhar mais para a sua família, estar mais junto dos seus filhos, tentar entender que todos nós precisamos um dos outros. Não tem sido fácil porque é um turbilhão de sentimentos, mas, para mim, é muito importante estar nessa missão que eu estou”, afirma a professora Rossânia Ribeiro.

Fonte: G1RN

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