Segundo a organização do Nobel, o programa já seria um merecedor do prêmio sem a pandemia, mas com a Covid-19 os motivos ficaram mais evidentes: a comida está menos disponível. Nesse cenário, “o programa da ONU demonstrou uma habilidade impressionante de intensificar seus esforços”, afirmou o comitê.
O diretor do escritório brasileiro do programa, Daniel Balaban, disse que o anúncio foi “uma surpresa completa” e defendeu o trabalho contínuo desta agência das Nações Unidas. Ele reforçou a importância do combate à fome para a redução dos conflitos (veja o vídeo a seguir).
Para decidir o vencedor do prêmio, a organização levou em conta que a cooperação multilateral é necessária para combater a fome.
“Aparentemente, há uma falta de respeito ao multilateralismo no passado recente”, disse Reiss-Andersen
Milhões de pessoas em 88 países
O órgão ligado à ONU tem sede em Roma e é a maior entidade que combate os problemas de fome e promove segurança alimentar no mundo –a cada ano, o Programa de Alimentos deu auxílio a cerca de 97 milhões de pessoas, em 88 países, de acordo com sua página na internet.
A projeção feita pelo Programa é que em um ano pode haver até 265 milhões de pessoas ameaçadas pela falta de comida, disse Reiss-Andersen. “Isso [a premiação] também é um apelo à comunidade internacional para não deixar o Programa Mundial de Alimentos sem fundos”, afirmou ela.
“Agradecemos ao comitê do prêmio por honrar o Programa Mundial de Alimentos com o Nobel da Paz 2020. Esse é um lembrete poderoso para o mundo de que a paz e o combate à fome caminham lado a lado”, afirmou o Programa em sua conta em uma rede social.
O diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Qu Dongyu, celebrou o prêmio para o programa. Em uma rede social, Dongyu agradeceu a comunidade internacional pelo reconhecimento da importância da segurança alimentar.
“Temos muito orgulho de ter trabalhado com o Programa, fundado em 1961 como uma subsidiária da FAO para a assistência alimentar, e vem trabalhando há décadas para acabar com a fome”, escreveu Dongyu.
O vencedor do Nobel é decidido por um comitê eleito pelo parlamento da Noruega.
Vencedores de outros anos
Outras 134 pessoas ou instituições já receberam esse prêmio no passado. Em 2019, o vencedor foi Abiy Ahmed, o primeiro-ministro da Etiópia. No ano anterior, Denis Mukwege, um congolês, e Nadia Murad, uma iraquiana ganharam o Nobel da Paz (os dois são militantes que combatem o fim da violência sexual em guerras e conflitos armados).
Juan Manuel Santos, o ex-presidente da Colômbia, foi o último latino-americano que levou o prêmio.
Na segunda-feira (12) será anunciado o Nobel de economia, a última premiação de 2020.