O Projeto Algodão Agroecológico Potiguar, lançado nesta quarta-feira (22), pretende incentivar a retomada do cultivo do algodão no Rio Grande do Norte. A ideia é fomentar a produção de base agroecológica beneficiando famílias que sobrevivem da agricultura familiar. A expectativa é movimentar cerca de R$ 1 milhão já no primeiro ano do programa.
O projeto é executado pela Secretaria de Estado Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf) e pelo Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-RN). A inciativa teve início há cerca de 4 meses com a seleção e capacitação das famílias.
De acordo com o titular da Sedraf, Alexandre Lima, 380 famílias em 39 municípios já foram selecionadas para o programa neste primeiro ano. A intenção é iniciar os cultivos a partir de janeiro de 2022 com uma área plantada de 500 hectares de algodão agroecológico.
“A partir de uma articulação com a Emater, que coordena e mobiliza, e com outras entidades, o governo fez um processo de sensibilização e de mobilização para a escolha das famílias que tinham interesse na retomada do algodão. E retomar o cultivo do algodão a partir de uma outra perspectiva, uma outra base, incentivando a produção agroecológica”, explicou Alexandre Lima.
A expectativa da Sedraf é que já no primeiro ano as famílias inseridas no projeto movimentem cerca de R$ 1 milhão. A aposta da secretaria é que o projeto vai atender uma exigência atual do mercado consumidor da fibra do algodão, que opta por uma produção livre de impactos ambientais.
“A agricultura familiar não tem condições de competir, por exemplo, com o algodão que é plantado no sudeste, no centro-sul do país, em função dos níveis de produtividade. Então, nós vamos entrar em um nicho de mercado que é a produção agroecológica, a produção certificada”, afirma Alexandre Lima, titular da Sedraf.
As famílias que participam do programa já iniciam os plantios com a venda da produção garantida. E, para atender aos critérios da certificação, precisam investir também no consórcio de culturas em uma mesma área.
“Obrigatoriamente 50% da área terá cultivos alimentares. A própria certificação agroecológica pressupõe um plantio diversificado, com feijão, com milho, com gergelim. Possibilitando que além da venda do algodão, as famílias possam ter uma soberania alimentar”, destacou Alexandre Lima.
Ainda de acordo com a Sedraf, nesse primeiro ano não haverá possibilidade de inserir novas famílias, além das que já estão cadastradas. No próximo ciclo do projeto, a secretaria deve realizar outras seleções para a adesão de mais agricultores.
O algodão já foi um dos principais produtos agrícolas do Rio Grande do Norte no início do século XIX. A cultura, que ficou conhecida como “ouro branco”, chegou a ser responsável por cerca de 40% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do estado. A área plantada no território potiguar era de mais de 500 mil hectares.
As produções foram dizimadas após uma praga, conhecida como bicudo, que atacou as lavouras de algodão na década de 1980.
Fonte: G1RN
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